Resumo |
Introdução: a Doença Renal Crônica (DRC) é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, 10 milhões de indivíduos apresentam algum grau de alteração renal e mais de um milhão de pessoas morrem anualmente em todo o mundo devido a DRC terminal. Idosos, obesos, portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou diabetes mellitus (DM), são os grupos mais propensos a problemas renais. Destaca-se que a DRC cursa de forma silenciosa e sua evolução depende da qualidade do atendimento ofertado muito antes da falência renal. Neste contexto, os profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) têm importante papel no diagnóstico precoce, acompanhamento e encaminhamento dos pacientes a especialistas, quando necessário. Objetivo: avaliar a prevalência da DRC em portadores de HAS cadastrados na APS do município de Porto Firme, Minas Gerais. Metodologia: estudo transversal com os portadores de HAS acompanhados pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Porto Firme, Minas Gerais. Participaram do estudo 293 indivíduos, correspondendo a 42% dos portadores de HAS do município. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semiestruturadas, avaliações clínica (valores de pressão arterial sistólica e diastólica), antropométrica (peso, estatura, circunferência da cintura e índice de massa corporal) e bioquímica (creatinina sérica e relação albumina/creatinina urinária). Para a identificação da ocorrência de DRC, utilizou-se a fórmula CKD-EPI. Considerou-se portador de DRC os indivíduos com TFG < que 60 mL/min/1,73m². Resultados: a maioria dos indivíduos avaliados (n=293) era do sexo feminino (74%), idosos (69%), com baixa renda (90%), baixa escolaridade (84%) e com excesso de peso (66,9%). Encontrou-se prevalência de DRC de 38,6% (IC 95%: 33,0 – 44,2), sendo 33,1%; 4,1% e 1,4% classificados nos estágios 3A, 3B e 4, respectivamente. A TFG média foi 64,0 (dp=14,0) mL/min/1,73m², com mínimo de 15,6 e máximo de 106,7 mL/min/1,73m². Conclusão: o estudo revelou uma prevalência alarmante da DRC na população de estudo, demonstrando o papel significativo da APS no diagnóstico precoce por meio da inclusão rotineira do cálculo da TFG estimada como um dado complementar aos resultados das dosagens de creatinina sérica, a fim de diagnosticar a DRC nos seus estágios iniciais e evitar sua progressão, reduzir gastos no tratamento e melhorar a qualidade de vida da população. Por fim, enfatiza-se a necessidade de ações de prevenção de agravos e enfermidades e promoção da saúde, de acordo com as necessidades dos indivíduos. |