Resumo |
Após a morte do animal as funções vitais cessam e várias modificações começam a ocorrer imediatamente. A velocidade em que elas ocorrem depende de fatores externos, como temperatura, sendo o intervalo de tempo entre a morte e a necropsia o fator mais crítico associado com alteração do tecido pós-morte. O conhecimento desses fatores é fundamental para o sucesso da avaliação experimental. A investigação histológica tem papel importante no exame pós-morte para elucidar as lesões, uma vez que o processo autolítico causa alterações nos tecidos que podem mascarar ou induzir os resultados. O fígado, a maior glândula do organismo, é constituído por hepatócitos, que são células com funções endócrinas e exócrinas. Os lóbulos hepáticos, que formam placas anastomosadas com espessura de uma célula, delimitam os espaços do sinusoides onde residem os macrófagos. Os testículos são órgãos pares com função endócrina e exócrina, sendo constituídos pelo compartimento tubular responsável pela produção dos espermatozoides e pelo compartimento intertubular onde se encontram as células de Leydig que produzem a testosterona. Como é crescente o uso de animais de laboratório em experimentos, o objetivo desse estudo foi avaliar as potenciais alterações quantitativas e qualitativas nos tecidos hepático e testicular, em diferentes tempos após a eutanásia dos animais. Foram utilizados 25 camundongos machos sendo coletados fígado e testículo, aos 0, 5, 10, 15 e 20 minutos após eutanásia. Os órgãos foram fixados em Karnovsky, incluídos em resina, seccionados em micrótomo (3µm) e os cortes foram corados com azul de toluidina e fotodocumentados. Para morfometria no fígado foi utilizada grade com 566 pontos contados em 10 imagens por animal, sendo contabilizados pontos sobre citoplasma, núcleo de hepatócito, hepatócito uninucleado e binucleado, sinusoides, vasos e macrófagos. No testículo foi utilizada grade com 266 pontos em 10 imagens por animal foram contados pontos sobre lume, epitélio seminífero, túnica própria e intertúbulo. Para análises de histopatologia foi feita a proporção de células com e sem vacúolos. No fígado houve diminuição da proporção de citoplasma a partir dos 10 minutos após eutanásia, enquanto no mesmo intervalo houve aumento dos sinusoides. Houve aumento de vasos aos 20 minutos. Hepatócitos uninucleados aumentaram a partir de 15 minutos e hepatócitos binucleados aos 20 minutos. Houve aumento da proporção de células com vacúolo logo aos 5 minutos após eutanásia, sendo crescente com o aumento do tempo fora do fixador. No testículo foi significativo apenas o aumento do epitélio seminífero a partir dos 15 minutos. Assim como no fígado, houve aumento da proporção de células com vacúolo a partir dos 5 minutos após a eutanásia e foi crescente com o aumento do tempo do órgão fora do fixador. Neste estudo verificou-se que o fígado tem deterioração mais rápida que o testículo, e a possível simulação de patologias dependendo do tempo que o órgão fica fora do fixador. |