Resumo |
A utilização da espécie Licania tomentosa (Benth.) Fritsch, popularmente conhecida como oiti, em áreas urbanas está se ampliando devido, principalmente, às suas características morfológicas, como copa frondosa e folhas perenes. Em contrapartida essa espécie traz sérios problemas na arquitetura urbana, como quebra de calçadas, entupimento de guias e calhas, além do conflito com rede elétrica. Frente a isso, objetivou-se avaliar os impactos causados pela L. tomentosa nas áreas urbanas do campus-sede da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais. Para a realização do estudo foram avaliados todos os indivíduos da espécie, com no mínimo 5 centímetros de Diâmetro à Altura do Peito (DAP), localizadas nas vias, estacionamentos e arboretos do campus. Foi analisada a ocorrência de danos nas calçadas, sendo esses alocados em três classes: (1) Danos leves, (2) Danos moderados e (3) Danos severos. Para analisar o potencial de conflito com a rede de transmissão de energia elétrica, caso o indivíduo estivesse sob um sistema de transmissão, a altura de todos os indivíduos foi mensurada e comparada com a altura média das redes de transmissão de energia elétrica. Verificou-se que por todo o campus são encontrados cerca de 479 indivíduos de L. tomentosa, o que representa 14,55% das árvores plantadas e faz dela a árvore mais abundante no campus. Os principais objetivos de seu plantio é para sombreamento de estacionamentos e arborização da Avenida Purdue, uma das principais vias da UFV. Cerca de 326 (68%) destes indivíduos causam danos às calçadas, sendo que desse total, aproximadamente 41% causam danos moderados e 22% danos severos, o que gera dificuldade de locomoção, principalmente aos pedestres, sobretudo àqueles que apresentam, de forma permanente ou transitória, alguma dificuldade de locomoção. Por ser uma espécie considerada de grande porte, com altura média acima de 15 metros, a utilização do oiti sob as redes de transmissão de energia elétrica não é indicada. Como as árvores são condutoras de eletricidade, o contato dessas com a fiação pode causar fuga de energia, pondo em risco a vida de pedestres. Como a partir de uma altura de 7,20 metros já passam fios de transmissão de energia, 353 (73%) dos indivíduos estão em conflito com a rede de transmissão. Cerca de 73 indivíduos estão em contato direto com a fiação e na tentativa de reduzir esse contato são realizadas podas drásticas que alteram tanto o equilíbrio dos indivíduos, como expõem os indivíduos à ação de patógenos, levando a riscos de queda das árvores e comprometendo o objetivo paisagístico delas. Conclui-se que a utilização da espécie L. tomentosa em centros urbanos possui restrições de uso e sua recomendação deve levar em conta estas restrições. Além disso, evidencia-se a necessidade de adoção de critérios de seleção para escolha de espécies adequadas à arborização urbana, a fim de reduzir riscos e aumentar a heterogeneidade e, consequentemente, a beleza do campus. |