Resumo |
Aumentos na ocorrência natural do percevejo marrom da soja, Euschistus heros, tem sido registrado no Brasil. Estes são expostos ao neonicotinoide imidaclopride, uma vez que este foi o inseticida mais utilizado para controlar estes insetos em plantações de soja. Aliado a isso, a utilização de sal de cozinha (0,5%) em mistura com inseticidas possibilita redução de 50% da dose destes compostos, sem que haja prejuízo para eficiência de controle de E. heros. Entretanto, os efeitos letais e subletais desencadeados da aplicação de sal de cozinha em mistura com inseticidas mais modernos (por exemplo, imidaclopride) não têm sido levados em consideração. O presente trabalho objetivou averiguar distúrbios no comportamento sexual causados por exposição subletal de E. heros a soluções inseticidas contendo sal de cozinha. Adultos recém-emergidos (< 24h), obtidos da criação do laboratório de fisiologia e neurobiologia de invertebrados (UFV), mantidos em condições controladas (27 ± 3 °C, 60 ± 10% U.R e 14h de fotofase), foram expostos por 48 h a resíduos secos de imidaclopride. No primeiro bioensaio, foi realizada exposição a diferentes concentrações subletais do inseticida (1,26; 0,42; 0,126 e 0,042 g i.a./cm2, equivalente a 1, 3, 10 e 30% da dose de campo [4,2 g i.a./cm2], respectivamente). Para o segundo bioensaio, foi realizada a exposição a concentração de 0,126 g i.a./cm2, equivalente a 3% da dose de campo com adição ou não de sal de cozinha (NaCl a 0,5% p/v) à calda inseticida. Para ambos os casos no tratamento controle foi utilizado água destilada. Adultos sobreviventes com 13 dias de idade formaram casais e foram mantidos em placa de Petri e filmados por 13h para avaliação do comportamento de cópula (número de cópulas, tempo médio e tempo total de cópula, latência e sucesso de cópula). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA). No primeiro bioensaio não houve diferença significativa para o número de cópulas (P = 0,188, H = 6,152). Para o tempo total (P < 0.001, F = 12,926) e o tempo médio de cópula (P < 0.001, F = 5,850), a concentração de 3% da dose de campo apresentou a menor média, diferindo dos demais tratamentos. Para a latência (P < 0.001, H = 19,224) houve diferença significativa para 3% da dose de campo e insetos não tratados (controle). No segundo bioensaio, não houve diferença significativa para o tempo total de cópula (P = 0.488, F = 0,817) e latência (P = 0,056, F = 7,553). Para o tempo médio de cópula (P < 0.001, F = 8,505), os tratamentos que continham sal na solução inseticida foram significativamente menores que os demais tratamentos, entretanto apresentaram o número de cópulas maior (P = 0.003, H = 13,749). Diante disso, é notório que a exposição a concentrações subletais aliadas ao sal de cozinha modificou o comportamento sexual de E. heros; todavia, são necessários mais estudos acerca dos distúrbios nos parâmetros reprodutivos destes pentatomídeos para otimizar o uso deste agente sinérgico. |