Resumo |
A indústria de cosméticos é um setor em pleno crescimento na economia nacional, sendo responsável pela geração de efluentes líquidos caracterizados por altos teores de sólidos em suspensão e matéria orgânica, incluindo compostos de baixa biodegradabilidade, como óleos e graxas e surfactantes e que são tipicamente tratados por processos físico-químicos (coagulação-floculação-sedimentação). Neste projeto, avaliou-se a tratabilidade dos efluentes por processo biológico aeróbio. Amostras de efluentes bruto (E1) e tratado por processo físico-químico convencional (E2) foram coletadas em uma indústria mineira que fabrica produtos capilares. As amostras foram caracterizadas, mediante quantificação de pH, demanda química (DQO) e bioquímica (DBO) de oxigênio, condutividade elétrica (CE), sólidos suspensos totais (SST) e voláteis (SSV), nitrogênio Kjeldahl total (NKT) e fósforo (P). Incialmente, lodo biológico coletado em uma indústria de alimentos foi adaptado ao efluente, sob aeração contínua. Duas vezes por semana, a aeração foi desligada para retirada do sobrenadante e reposição com efluente da indústria de cosméticos e soluções de nitrogênio (N) e fósforo (P) para garantir uma relação DBO/N/P = 100/5/1. Para os estudos de tratabilidade biológica, foram montados reatores sequenciais em batelada, em escala de bancada. Os reatores foram alimentados com 500 mL dos efluentes (E1 ou E2), soluções de N e P e 500 mL de lodo adaptado. Os reatores foram operados em ciclos de 12 h, com 11 h de aeração e 1 h de sedimentação, seguida de retirada dos sobrenadantes e reposição com 500 mL de efluente fresco. Diariamente, foram realizadas análises de pH, CE e DQO dos efluentes e semanalmente, análises de DBO, SST, NKT e P total, em amostras compostas dos efluentes tratados e de SST e SSV dos lodos em ambos reatores. No tratamento biológico, foram obtidas reduções médias de DQO de 38 % (E1) e 49 % (E2) e reduções médias de DBO de 80 % (E1) e 91 % (E2). Os SST variaram e até aumentaram após o tratamento de ambos os efluentes, provavelmente devido ao arraste de lodo para os recipientes de coleta. A aeração dos efluentes gerou grande quantidade de espuma, que dificultou a separação dos sólidos durante a sedimentação. Após o tratamento biológico, a CE se manteve relativamente constante (2 a 2,8 mS/cm), mas o pH diminuiu de, aproximadamente, 6-6,5 para 3,0, em ambos os efluentes, comportamento indesejado para o tratamento biológico. A queda de pH provavelmente afetou a estabilidade do lodo biológico mantido nos reatores, que exibiu grande variação ao longo das semanas de tratamento (1642 a 800 mg/L de SSV no E1 e 1692 a 452 mg/L de SSV no E2). Os resultados sugerem que, para viabilizar o tratamento aeróbio, deva-se adicionar alcalinizante e antiespumante aos efluentes dessa tipologia industrial. |