Resumo |
As sementes dos frutos de Jatropha curcas L. apresentam elevado teor de óleo (38%), o que permite a sua utilização como matéria-prima para a produção de biodiesel e bioquerosene. A casca (epicarpo) dos frutos é um dos resíduos gerados desse processo produtivo. A produção de energia é vista como alternativa para o uso desses resíduos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o poder calorífico e a densidade a granel das cascas dos frutos, determinando o potencial energético da cultura. Os frutos foram obtidos do Campo Experimental de Araponga, Minas Gerais. As amostras de cascas de frutos de vários genótipos foram analisadas no Laboratório de Painéis e Energia da Madeira (LAPEM) do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. O poder calorífico superior (PCS) dos resíduos foi determinado de acordo com a metodologia descrita pela norma da ABNT NBR 8633 (ABNT 1984), utilizando bomba calorimétrica adiabática. A densidade a granel foi determinada de acordo com a norma estabelecida pela DIN EM 15103. A amostra foi posta em uma caixa rígida de volume conhecido e, logo em seguida, pesada. A densidade energética (DE) dos resíduos do pinhão manso foi calculada pela equação: DE = PCS x DG. Da amostra foram extraídas duas sub-amostras para determinação do potencial calorífico, obtendo como resultado médio o valor de 4.132,00 kcal/kg. A densidade a granel foi avaliada em 66,85 kg/m³, resultando em uma densidade energética de 276.224,20 kcal/m³. O poder calorífico do coproduto gerado do processamento dos frutos de J. curcas é superior ou próximo a diversos resíduos agrícolas utilizados para produção de energia, evidenciando o potencial energético da cultura. A densidade a granel permite dizer que as cascas de J. curcas são leves, quando comparadas com outras matérias primas, como a casca do café e os resíduos da madeira, por exemplo, o que pode implicar em maiores custos de transporte e dificuldades no manejo do resíduo, caso não seja feita uma compactação. Por fim, é possível concluir que o epicarpo dos frutos de J. curcas apresenta características apropriadas para a carbonização e pode ser utilizado para fins energéticos, contribuindo para a sustentabilidade do processo produtivo da espécie. |