Resumo |
Solos muito intemperizados, como no caso dos brasileiros, apresentam predomínio de cargas positivas em sua fração argila devido, principalmente, à presença de oxidróxidos de Fe e de Al. A presença destes oxidróxidos favorece a adsorção de P em formas não disponíveis para as plantas. Considerando que as reservas de fósforo são finitas, estudos que buscam entender o processo de adsorção de P por argilominerais são essenciais para otimizar a utilização dos fertilizantes fosfatados. O objetivo deste trabalho foi determinar a capacidade máxima de adsorção de P (CMAP) da goethita (FeOOH), utilizando um sistema de fluxo contínuo sob diferentes condições de pH. Os valores de pH estudados foram de 4,5 e 6,0 e, a concentração da solução ajustada com KCl para simular a força iônica dos solos foi de 10 mmol L-1. Para cada uma das condições de pH estudadas foram preparadas suspensões concentradas contendo a goethita. Uma alíquota de 1,5 mL dessa suspensão foi colocada no interior de uma câmara de 17 mL acoplada a um sistema de fluxo contínuo com vazão de 1 mL min-1. Após a adição da goethita no interior da câmara esta era fechada e preenchida com uma solução “background” (solução contendo apenas a força iônica e o pH ajustados de acordo com cada estudo, sem adição de P). Quando a manutenção do fluxo era atingida utilizava-se uma nova solução, igual à utilizada para preencher a câmara, porém contendo 500 μmol L-1 de P, e as alíquotas que passavam pela câmara eram recolhidas a cada 2 min utilizando-se um coletor de frações. Foi feito também uma prova em branco cujo os procedimentos eram os mesmos, exceto pela não adição da suspensão contendo goethita. A diminuição do pH favoreceu o aumento da adsorção de P pela goethita. Para o pH 4,5 a CMAP foi de 49,83 mg g-1 enquanto no pH 6,0 este valor foi de 26,50 mg g-1. Em condições de pH mais baixo (ácido), o pH do meio fica mais distante do PCZ de argilominerais como a goethita, fazendo com que haja um predomínio de cargas positivas e, consequentemente, maior adsorção de P nessas condições. Isso corrobora com a importância do caráter eletrostático dessa interação. Por esta razão, no pH de 4,5 (mais baixo e mais ácido), foram encontrados os maiores valores de adsorção de P pela goethita comparativamente ao pH 6,0. Assim, o manejo do solo, sobretudo daqueles mais intemperizados, como é o caso dos solos brasileiros, com predomínio de cargas positivas na fração argila é essencial para a otimização da adubação fosfatada. Solos com pH mais baixos (ácidos) atuam, de modo geral, como dreno para o P aplicado. Nestes solos a adubação fosfatada deve ser realizada de modo que o acesso do P seja favorecido em detrimento ao acesso pelo solo e a consequente adsorção e transformação em formas não-lábeis. |