Resumo |
A soja é a cultura agrícola mais importante para a economia do Brasil, contudo, eventos de seca têm causado reduções significativas no potencial produtivo de suas lavouras por todo o país. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar mecanismos fisiológicos e bioquímicos relacionados à tolerância diferencial ao déficit hídrico em soja. Foram utilizados dois genótipos, sendo uma cultivar sensível (BRS 16) ao déficit hídrico e uma linhagem (13241), caracterizada como tolerante ao déficit hídrico. As plantas foram cultivadas sob capacidade de campo (tratamento controle) até atingirem o estágio de desenvolvimento V4, quando irrigação das plantas foi suspensa durante 9 dias (tratamento déficit hídrico – DH). Outro grupo de plantas foi reidratado (tratamento reidratado - RH) durante 5 dias, após os 9 dias sem água e as mesmas análises foram realizadas. O status hídrico das plantas foi avaliado pela metodologia do Teor Relativo de Água (TRA). Foram avaliados parâmetros de trocas gasosas, utilizando-se um IRGA (Infra-Red Gas Analyser-IRGA), obtendo-se a fotossíntese líquida (A), a taxa transpiratória (E), a condutância estomática do vapor d’água (gs) e a razão entre a concentração interna e externa de CO2 (Ci/Ca). Além disso, analisou-se a atividade das enzimas antioxidantes: catalase (CAT), peroxidase (POX) peroxidase do ascorbato (APX) e superóxido dismutase (SOD). No tratamento DH, o TRA da BRS 16 foi menor do que em 13241. Nesse mesmo tratamento, observou-se valor de A 20% maior em 13241 e também, menor redução em gs, em comparação com BRS 16. A eficiência no uso da água foi 10% maior na linhagem, do que na cultivar sensível. As enzimas SOD e APX demonstraram maior atividade em BRS16, enquanto a enzima CAT teve maior atividade em 13241. A enzima POX teve resultados semelhantes em ambos os genótipos. No tratamento RH, para todas as análises, tanto a cultivar BRS 16, quanto a linhagem 13241, conseguiram recuperar seus níveis de funcionamento para o mesmo grau das plantas controle. Por fim, constatou-se que o processo fotossintético da linhagem 13241, caracterizada como tolerante, respondeu de maneira mais eficiente ao déficit hídrico do que a cultivar BRS 16, sendo essa resposta importante para uma maior produtividade de plantas sob estresses abióticos. Os resultados obtidos com a linhagem 13241 podem ser úteis no melhoramento genético da soja, visando uma maior tolerância à seca. |