Fome e Abundância: Um Paradoxo Brasileiro?

17 a 22 de outubro de 2016

Trabalho 6605

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Agrárias
Área temática Meteorologia e climatologia
Setor Departamento de Engenharia Agrícola
Bolsa CNPq
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Livia Maria Brumatti de Souza
Orientador MARCOS HEIL COSTA
Outros membros Gabriel Medeiros Abrahão, Gabrielle Ferreira Pires
Título Efeitos das mudanças climáticas e do desmatamento na produtividade de soja no Brasil até 2050
Resumo Há uma grande expectativa global de que produção agrícola total do Brasil irá aumentar como em nenhum outro país do mundo para atender ao aumento da demanda por alimentos até 2050. Ao tentar atender a essa expectativa, o Brasil terá de enfrentar os efeitos de uma grave mudança climática induzida pela mudança na composição atmosférica e de uma mudança climática regional, causada pelo avanço da fronteira agrícola em biomas naturais como Amazônia e Cerrado. Estudos recentes indicam que o desmatamento em grande escala causa mudanças significativas na disponibilidade de água no ambiente e poderia ter implicações para os sistemas agrícolas. Este trabalho investiga como a mudança climática e o desmatamento adicional até 2050 podem afetar a produtividade de uma das principais commodities exportadas pelo país: a soja. Foi utilizado um modelo de culturas agrícolas para avaliar os efeitos do clima simulado por quatro modelos do CMIP5 sob o cenário RCP8.5 do IPCC AR5 na produtividade de soja. Estes resultados foram contrastados com um segundo grupo de simulações que representam os efeitos de cenários de desmatamento mais severos da Amazônia e do Cerrado no clima regional. As simulações indicam que, dentre as regiões mais produtivas no centro-norte do Brasil, os efeitos das alterações climáticas são dependentes das datas de plantio. A produtividade das cultivares de soja plantadas em setembro, semeadas mais cedo por agricultores que optam por adotar sistemas safra-safrinha (duas culturas no mesmo espaço no mesmo calendário agrícola) deve diminuir expressivamente. Isso ocorre pela diminuição da precipitação nestes meses. No entanto, cultivares de soja que são plantadas em datas posteriores (novembro-dezembro), semeadas por agricultores que optam por cultivar apenas uma cultura em um calendário agrícola, mostram um aumento da produtividade, devido a um déficit hídrico menor e os efeitos positivos de um aumento da concentração de CO2 atmosférico. Nas regiões produtoras no sul do país há um aumento da produtividade até o meio do século, independentemente da data de plantio. Além disso, cenários de desmatamento mais severos levam a um aumento da perda de produtividade de soja. De acordo com todas as simulações deste trabalho, as regiões mais afetadas são onde estão localizados os maiores produtores agrícolas nacionais (Mato Grosso) ou em regiões que começaram a ser exploradas mais recentemente e ainda guardam elevado potencial agrícola como o MATOPIBA, indicando que investimentos do governo nessas regiões sem a consideração apropriada dos riscos climáticos é uma estratégia de elevado risco. Finalmente, em face às mudanças climáticas e com reduzida evidência de que o desmatamento na Amazônia e no Cerrado estejam chegando a um fim, o Brasil deverá rever suas políticas agrícolas e conservacionistas e alcançar imediatamente níveis de desmatamento zero, e criar mecanismos para identificar e traçar soluções para adaptar sua agricultura às mudanças climáticas.
Palavras-chave Meteorologia agrícola, Desmatamento, Mudanças climáticas
Forma de apresentação..... Painel
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