Resumo |
Introdução: A doença renal crônica (DRC) é um grave problema de saúde pública no mundo e sua prevalência apresenta um aumento anual de 8 a 16%. Ressalta -se que isso se deve ao fato da DRC, em geral, ser subdiagnosticada e tratada inadequadamente, especialmente em nível de Atenção Primária à Saúde (APS). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o principal fator de risco para o desenvolvimento e progressão da DRC. Considerando que somente 15% dos portadores de HAS têm a pressão arterial (PA) devidamente controlada, pode-se concluir que 85% tem grandes chances de evoluir com algum grau de insuficiência renal o que sugere que nos próximos anos a HAS continue a ser causa importante de DRC sobretudo pela persistência de hábitos inadequados de alimentação e inatividade física, além do tabagismo Objetivo: Descrever o perfil dos portadores de HAS com e sem a DRC cadastrados na APS. Metodologia: Trata-se de estudo transversal com os portadores de HAS cadastrados e acompanhados pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Porto Firme, Minas Gerais. Para a análise do perfil da população, avaliaram-se hábitos de vida, dados sociodemográficos e antropométricos (peso, altura, circunferência da cintura (CC) e índice de massa corporal (IMC)). Os dados são apresentados em medidas de frequência. Resultados: Dentre os 293 indivíduos avaliados, 113 (38,6%) apresentaram a DRC. A maioria eram do sexo feminino (74%), idosos (69%), apresentavam baixa escolaridade (84%), baixa renda (90%) e eram ativos fisicamente (65%). Em relação à avaliação antropométrica, a maioria foram classificados com excesso de peso (67%) e apresentaram risco de doença cardiovascular pela medida da CC (86%). Quando se avalia os portadores de HAS com e sem DRC, observa-se que em ambos os grupos, a maioria era do sexo feminino. Quanto à idade, 61,9% dos portadores de DRC apresentavam idade maior que 71 anos, enquanto 23,9% dos não portadores de DRC apresentavam esta mesma faixa etária, sugerindo a idade como fator importante para o desenvolvimento da DRC. A grande maioria dos indivíduos (aproximadamente 90%) dos dois grupos apresentaram baixa escolaridade e baixa renda. Quanto à prática de atividade física, 58,4% dos portadores de DRC eram ativos, enquanto 70% dos não portadores de DRC eram ativos, o que sugere a importância da atividade física para prevenção de agravos. Em relação a avaliação antropométrica, a prevalência de excesso de peso foi elevada, sendo 59,3% nos portadores de DRC e 71,7% nos não portadores de DRC. Quanto ao risco cardiovascular, avaliado pela medida da CC, ambos os grupos apresentaram valores elevados (aproximadamente 85%).Conclusões: O presente estudo demonstrou uma elevada prevalência de DRC, equivalente a 38,6%. O estudo demonstra a importância da APS na realização de ações de prevenção de enfermidades e agravos, em especial, para os indivíduos que apresentam fatores de risco, que são os mais propensos a desenvolverem complicações. |