Resumo |
A osteoartrite (OA) é a principal doença crônica degenerativa da cartilagem, acometendo a população mundial humana e canina em alta prevalência. A doença tem um caráter multifatorial e progressivo, o que a torna muito estudada em busca de maiores informações sobre sua causa, tratamentos eficientes e formas de diagnóstico precoce. Em relação ao diagnóstico e acompanhamento da progressão da doença as radiografias da articulação afetada são o instrumento tradicionalmente utilizado, bastante úteis, porém com pouca sensibilidade. Complementarmente a isso, alguns biomarcadores têm o potencial de aprimorar o diagnóstico de doenças, reduzindo o tempo e enriquecendo a compreensão do real estado das mesmas. Dentre eles a proteína oligomérica da matriz cartilaginosa (COMP) é um componente estrutural e funcional essencial da matriz extracelular da cartilagem, atuando na proliferação celular e apoptose neste tecido, podendo tornar-se um detector precoce do processo inflamatório ocorrido na OA. Com base nisso, este projeto teve como principal objetivo avaliar o modelo experimental da OA em cães por níveis séricos de COMP, assim como a tentativa de correlacionar esses níveis a possíveis alterações radiográficas. Para este estudo, seis cães sem raça definida foram submetidos à OA com base no modelo proposto por Marijnissen et al. (2002) e a progressão da mesma foi avaliada por radiografias seriadas aos 15, 30 e 45 dias de pós-operatório em comparação com as aquelas feitas no pré-operatório. As lesões avaliadas radiograficamente foram classificadas de 1 a 4 conforme escala de pontuação de alterações radiográficas definida por Muzzi et al. (2009). Também foram avaliados os níveis de COMP obtidos por teste ELISA de soro sanguíneo coletado nas mesmas datas de realização das radiografias para determinar o padrão existente entre esses níveis e a progressão da OA, bem como em comparação com as alterações radiográficas. Na avaliação das radiografias as principais alterações foram observadas aos 45 dias, sendo que quatro dos seis animais obtiveram grau discreto de osteoartrite, enquadrados no escore 2 da escala de Muzzi, apresentando osteófitos na borda distal da patela e alteração das bordas dos côndilos femorais. Todos os animais apresentaram diminuição da interlinha articular, provavelmente causada pela degradação da cartilagem articular e líquido sinovial. Contudo, os valores séricos de COMP não mostraram alteração ao longo do tempo (p=0,109), com alta variabilidade dos dados, o que influenciou negativamente a determinação de um padrão. Assim, não foi possível afirmar que os intervalos de tempo de coleta e análise foram suficientes para detectar um padrão de progressão da OA ou relacionar esses níveis de COMP às observações radiográficas, concluindo-se que novas pesquisas são necessárias para avaliação da COMP enquanto biomarcador da OA. |