Resumo |
A produção de leite de cabra tem se destacado no cenário zootécnico devido à crescente demanda de mercado por produtos especializados (queijos e derivados). Além disso, o leite de cabra possui maior digestibilidade, capacidade tamponante e menor alergenicidade quando comparado ao leite de vaca. Para suprir esta demanda é necessário melhorar geneticamente os rebanhos caprinos, e estudos desta natureza são escassos no Brasil e caracterizam-se como uma importante fonte de pesquisa para a área de Melhoramento Genético Animal. Para realizar avaliações genéticas de rebanhos para a característica produção de leite, é necessário utilizar modelos estatísticos que contemplem a variação desta característica ao longo do tempo (período de lactação). Neste sentido, os modelos de regressão aleatória (MRA) apresentam-se como uma alternativa prática e eficiente, pois são relativamente simples e altamente poderosos para estimar parâmetros genéticos (tal como herdabilidade) ao longo do tempo. Assim, objetivou-se avaliar as estimativas de herdabilidade da produção de leite utilizando o MRA para caprinos da raça Alpina em segunda lactação. O banco de dados foi obtido no setor de caprinocultura da Universidade Federal de Viçosa, e o mesmo dispõe de medições coletados entre os 6 e 290 dia após o parto da cabra, contendo 15.509 registros de 529 cabras em segunda lactação. Os efeitos fixos utilizados no modelo foram: número de crias, ano, estação e agrupamento genético. A idade da cabra ao parto foi utilizada como covariável. As análises foram realizadas utilizando modelos de regressão aleatória unicaracterístico via polinômios de Legendre por intermédio do software WOMBAT. Para estimar os parâmetros genéticos foi considerado o modelo de ordem de ajuste seis para média de lactação da população, ordens três e seis para os efeitos aleatórios genético aditivo e ambiente permanente, respectivamente, e quatro classes de variância residual, que em um estudo prévio, apresentou o melhor ajuste de acordo com os critérios da informação de Akaike e Baysiano. As estimativas de herdabilidade para todos os pontos da lactação variaram de baixa (0,09) a moderada (0,29) ao longo da lactação. Os valores aumentaram gradativamente até aos 200 dias de produção de leite, quando começaram a decrescer até o final da lactação. Dessa forma, sugere-se que a seleção realizada neste período pode levar a maiores ganhos genéticos, visto que há uma maior influência de fatores genéticos sobre a variância fenotípica observada na característica. |