Resumo |
Uma vez que efluentes da indústria de cosméticos apresentam elevados índices de toxicidade a organismos aquático e que indústrias de médio e grande porte tratam seus efluentes por processos biológicos, acoplados, ou não a outros processos, tornou-se interessante avaliar o potencial de remoção da toxicidade de efluentes dessa tipologia industrial por meio do tratamento biológico. Assim, este trabalho teve por objetivo analisar o potencial de remoção de toxicidade de efluentes de duas indústrias de cosméticos de pequeno porte localizadas na Zona da Mata de Minas Gerais por processos biológicos. Testes de biodegradabilidade aeróbia e anaeróbia foram realizados em escala de bancada, para avaliar a remoção de toxicidade, bem como para verificar se qualquer remoção observada se deve à degradação das substâncias tóxicas ou à adsorção das mesmas no lodo biológico. Para tal, testes de toxicidade dos efluentes a Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia e dos lodos a Hyalella azteca foram realizados antes e após os ensaios de biodegradabilidade. Efluentes brutos das indústrias de cosméticos apresentaram elevadas quantidades de matéria orgânica, com demanda química de oxigênio (DQO) de cerca de 5000 mg/L e 30000 mg/L. Ambos os efluentes apresentaram elevada toxicidade aguda, com concentração mediana efetiva inicial (CE(I),50), de 0,77% e 0,02%. Tratamento físico-químico convencional (coagulação-floculação-sedimentação) e separação por membranas reduziram a toxicidade e removeram a matéria orgânica particulada, mas não a matéria orgânica solúvel. Os efluentes brutos se mostraram biodegradáveis nos ambientes aeróbio e anaeróbio. Para o efluente de uma indústria, a remoção de 70% do carbono orgânico dissolvido ocorreu após 2 dias, e para a outra, após cinco dias. O pré-tratamento físico-químico ou por membranas aumentou a biodegradabilidade aeróbia dos efluentes, mas não a biodegradabilidade anaeróbia. O tratamento biológico aeróbio foi capaz de reduzir ou eliminar a toxicidade dos efluentes, enquanto o tratamento anaeróbio a reduziu, mas não a eliminou, sendo que após o tratamento anaeróbio, a CE(I),50 ficou entre 50 e 100%. Não foi detectada toxicidade nos lodos usados no tratamento biológico, sugerindo que a remoção de toxicidade se deve à degradação e não à adsorção no lodo de substâncias tóxicos durante o tratamento, resultado que só poderá ser confirmado pela realização de novos estudos. |