Resumo |
Transpor para o meio acadêmico o estudo das identidades culturais tradicionais de forma a valorizar suas manifestações e expressões e encontrar nelas ferramentas que auxiliarão na reapropriação dessa diversidade cultural em nossa memória corporal configura-se como objeto de exploração e conhecimento no âmbito desse trabalho. Para além, vivenciar a pluralidade de um corpo que transcende a simples reprodução de movimentos e a homogeneidade de expressão. Objetiva-se, portanto, articular processos criativos e composições itinerantes em dança a partir de matrizes amerídio-afro-brasileiras em diálogo, especialmente, com as tradições culturais da Família Guiga e mitologia envolvida na cultura popular brasileira. Criar um espaço de apreciação reflexiva com o qual o espectador possa se reconhecer em sua própria história e a corporeidade brasileira também foi alvo do projeto. Para tanto, realizaram-se “Encontros para Dançar e Dialogar”, abertos a todo o público, concretizando trabalhos corporais a partir da anatomia simbólica das danças brasileiras e processos de improvisação cênica em dança. O uso de imagens, estímulos e atividades eram introduzidos em cada encontro, de modo gradativo, para que os participantes entendessem por meio da experimentação e prática como se pode utilizar a organização corporal tendo como base as manifestações populares brasileiras. As vivências e pesquisas de campo foram imprescindíveis para desencadear sensações, percepções e histórias e permitir absorção de experiências vívidas no corpo. Foram considerados também para essa pesquisa as histórias e potencialidades corporais que cada indivíduo transpunha para o momento das oficinas, estabelecendo assim, um espaço para descoberta do corpo, do próprio eu e de sua capacidade de expressão. Outra ação importante deste projeto é a articulação com outros projetos como é a participação no “Troca de Saberes” com o grupo de dança Micorrizas. Todos os elementos e ações desenvolvidas proporcionaram a permuta de saberes e experiências entre os participantes, lembranças e memórias outrora esquecidas e a valorização da identidade cultural de cada indivíduo. Ademais, os materiais corporais de cada um permitiram a construção de composições que foram apresentados à comunidade: no evento ‘Água que somos’ realizado no Terreiro De Café D'marias, em São Miguel do Anta; o processo de composição ‘D'Água’ apresentada no evento ‘Dança Viçosa” e na 1ª Mostra Interna do curso de Dança UFV, no espaço Fernando Sabino da UFV; participação na ‘Troca de Saberes’ com a intervenção artística e a instalação artístico-pedagógica ‘Fios D'água’. Entender o sentido de produzir uma dança a partir da cultura popular local é valorizar a história da mesma e tornar os indivíduos mais maduros e conscientes do corpo e de suas propriedades para expressão. É trazer à tona a identidade de um grupo e mostrar suas capacidades criativas, seus saberes, valores e práticas culturais tão ricas, mas carentes em reconhecimento cultural. |