Resumo |
A utilização de plantas para fins medicinais ou terapêuticos é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no início da década de 1990, cerca de 65-80% da população dos países subdesenvolvidos dependiam das plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde1. Através do crescente desenvolvimento tecnológico associado ao interesse em confirmar os conhecimentos da medicina popular, as plantas medicinais têm sido pesquisadas de forma bem mais ampla e intensa pela ciência2. O presente trabalho objetivou a análise do uso e avaliação da importância de fitoterápicos e plantas medicinais por comunidades da cidade de Barão do Monte Alto, MG, visando resgatar e registrar informações populares sobre espécies medicinais utilizadas. Entre os meses de maio e julho de 2016 realizou-se um levantamento de dados por meio de entrevistas e aplicação de um questionário estruturado/padronizado, a fim de avaliar o uso de plantas medicinais e da fitoterapia no contexto popular. Foram entrevistadas 194 pessoas com idades variantes de 18 a 83 anos. Dentre os participantes, 114 (58,77%) pertenciam ao sexo feminino e 80 (41,23%) ao sexo masculino, sendo a grande maioria casada 120 (61,85%). Quanto ao nível de escolaridade, 82 (42,27%) possuíam ensino fundamental, 75 (38,66%) ensino médio e 37 (19,07%) ensino superior. No que diz respeito à utilização de plantas para cura ou alívio de alguma enfermidade, 170 (87,62%) afirmaram que fazem ou já fizeram uso enquanto 24 (12,38%) responderam o oposto. Foram citadas 48 espécies distintas de plantas medicinais. As 5 mais mencionadas foram Erva-Cidreira (Melissa officinalis), Boldo (Plectranthus barbatus), Camomila (Matricaria chamomilla), Erva-Doce (Pimpinella anisum) e Macaé (Leonurus sibiricus) sendo utilizadas para diversos usos terapêuticos, que conferem com a literatura. A parte da planta mais usada foram as folhas e a forma de preparo mais difundida foram os chás. Observou-se que 153 (90%) dos entrevistados adquirem as plantas em quintais, jardins e hortas, com frequência de utilização mensal (53%). Todos os entrevistados relataram melhora nos sintomas, no entanto, cinco deles descreveram efeitos indesejáveis após o uso. 138 pessoas (71,13%) afirmam recorrer primeiramente às plantas medicinais antes de procurar qualquer tipo de medicamento alopático, sendo de nível médio o grau de importância do uso de plantas medicinais em sua vida (102, 52,58%). A partir dos dados é possível inferir que o uso de plantas medicinais e fitoterápico é uma prática altamente empregada, repassada de geração em geração e popularmente difundida nessa região entre moradores das comunidades pesquisadas. É preciso, no entanto, maior atuação do poder público no sentido de esclarecer e promover as práticas integrativas no SUS, principalmente a fitoterapia, de modo que a população faça a utilização segura das plantas medicinais e fitoterápicos. |