Resumo |
No ano de 2007, uma pesquisa divulgada pelo IBGE constatou que 37% dos educandos da Educação de Jovens e Adultos que abandonam os estudos na modalidade o fazem por dificuldades em compreender os conteúdos e por perda de interesse. O número é significativoe reflete que, possivelmente, as metodologias utilizadas por muitos professores da EJA não têm apresentado eficácia para o ensino-aprendizagem nessa modalidade. É válido ressaltar que adultos e crianças não aprendem do mesmo modo, logo, metodologias tradicionalistas geralmente aplicadas ao ensino regular não surtem o efeito de levar alunos jovens e adultos a construir seu próprio conhecimento e apreender os conteúdos trabalhados em sala de aula. Podemos apontar como motivo para que os professores da EJA não utilizem metodologias adequadas ao ensino na modalidade uma defasagem apresentada por muitos cursos de licenciatura das universidades brasileiras. Os graduandos saem desses cursos, muitas vezes, sem terem recebido uma formação que abarcasse uma modalidade tão repleta de especificidades quanto a EJA. Sendo assim, acreditamos que o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) quando dá a seus bolsistas a oportunidade de atuar em turmas da EJA muito tem a contribuir tanto para a formação de professores quanto para a melhoria do ensino nessa modalidade, algo que também influenciaria esse público a dar continuidade a seus estudos. Nos últimos anos o PIBID História – UFV tem atuado na EJA da Escola Municipal Ministro Edmundo Lins e, no ano de 2016, também na Escola Estadual Effie Rolfs. A proposta do presente trabalho, desse modo, consiste em ressaltar a importância de se aplicar metodologias que levem em consideração a vivência dos alunos da EJA no sentido de contribuir para que eles próprios sejam sujeitos ativos na construção de seu conhecimento. Para tanto, tomaremos como exemplo nossas experiências com atividades aplicadas por nós às turmas A e B do 1º período da EJA da Escola Estadual Effie Rolfs. Assim, acreditamos, que a melhor forma de levar os alunos a compreenderem os conteúdos de história, tanto na EJA quanto no ensino regular, é incentivando os mesmos a estabelecerem relações entre sua vivência e a temática abordada em sala de aula. Especificamente, utilizaremos como exemplo prático uma aula aplicada a essas turmas em que será trazido o tema Cultura e Cidadania tendo como foco a violência policial e o racismo no Brasil. Nosso objetivo é incentivar, por meio de nossos materiais e métodos, que os alunos da EJA debatam sobre de que modo o racismo surgiu e se enraizou em nosso país e de que forma eles o percebem em suas relações cotidianas, sobretudo na ação policial, assunto que se encontra em evidência nos noticiários atualmente. Como resultados, esperamos que os alunos compreendam de que modo o racismo está presente em nosso cotidiano desde a formação da nação brasileira até os dias atuais, algo que demonstraria a eficácia da metodologia nas salas de aula da EJA. |