Resumo |
A inadequação do consumo de frutas e hortaliças perpassa por questões individuais, socioculturais, econômicas, agrícolas e ambientais. O aumento do nível de renda das famílias gera aumento da participação de frutas e hortaliças no total de alimentos adquiridos. Assim, o objetivo deste estudo foi estimar a associação entre renda da vizinhança, variáveis socioeconômicas e demográficas dos indivíduos e consumo regular de frutas ou hortaliças em adultos de Viçosa-MG. Trata-se de estudo transversal, cuja amostragem foi realizada por conglomerados, sendo as unidades de primeiro estágio os setores censitários, e as de segundo estágio os domicílios. Foram sorteados por meio de amostragem casual simples, sem reposição, 30 setores censitários urbanos para o estudo dentre os 107 setores existentes em Viçosa. Os dados individuais foram obtidos por meio de questionário que contemplava questões demográficas, socioeconômicas e de consumo alimentar. A frequência semanal de consumo de frutas e hortaliças foi avaliada. O consumo de frutas ou hortaliças foi classificado como regular se maior ou igual a cinco vezes por semana e irregular se menor. Dados sobre renda média total dos setores censitários estudados foram obtidos por meio do Censo 2010, IBGE. A renda média dos setores censitários foi categorizada em tercis. A associação entre a renda da vizinhança, as variáveis individuais e o consumo regular de frutas ou hortaliças foi analisada por meio da regressão de Poisson com variâncias robustas. Foram estimadas razões de prevalência com seus respectivos intervalos de 95% de confiança. O nível de significância adotado nas análises foi de 0,05. A prevalência do consumo regular de frutas ou hortaliças foi de 73,72%. Foram independentemente associados a maior prevalência de consumo regular de frutas ou hortaliças o aumento da idade dos participantes (RP=1,004; IC95% 1,001-1,007), ser do sexo feminino (RP= 1,091; IC95% 1,021-1,176), ter alta escolaridade (RP=1,220 IC95% 1,032-1,443) e residir em setores censitários com maior renda (RP= 1,104; IC95% 1,001-1,218; RP= 1,153; IC95% 1,047-1,269, respectivamente para o segundo e terceiro tercis de renda). Conclui-se que o aumento da idade, sexo, escolaridade e residir em locais com maior renda possuem grande influência no consumo regular de frutas e hortaliças. Além dos fatores individuais, os fatores socioeconômicos da vizinhança podem influenciar na escolha dos alimentos. As condições materiais, incluindo a situação financeira , a privação social e vizinhança desfavoráveis podem dificultar a aquisição de alimentos saudáveis, como frutas e hortaliças. |