Resumo |
A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae), é uma das principais pragas agrícolas do hemisfério ocidental. É a praga de maior importância econômica para a cultura do milho em áreas tropicais do continente americano. Para auxiliar no seu controle, culturas de milho transgênico que expressam a proteína Cry1F da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) foram introduzidas pela primeira vez no Brasil em 2009. Até hoje essa tem sido uma das principais estratégias para o controle dessa praga. Este método de controle também se mostra efetivo na diminuição do uso de inseticidas convencionais e na redução do risco de efeitos negativos em organismos não alvos. No Brasil, populações de S. frugiperda têm desenvolvido resistência a culturas Bt, o que ameaça a eficácia das culturas transgênicas. Espera-se que a resistência do inseto à toxina Bt seja influenciada pela idade do macho e por seu genótipo, os quais poderiam ser usados para entender o custo da resistência no fitness do macho. Sendo assim, nosso objetivo foi avaliar a fecundidade (número de ovos postos) e a fertilidade (% de ovos eclodidos) de fêmeas de genótipos suscetíveis e resistentes à toxina Bt acasaladas com machos de genótipos opostos. Para a realização do experimento, adultos de S. frugiperda foram colocados em gaiolas de PVC (40 cm de altura x 30 cm de diâmetro) forradas internamente com papel sulfite para a postura de ovos e algodão embebido em solução de açúcar a 10% e ácido ascórbico a 5% para alimentação. Os ovos foram coletados e armazenados em sacos de plástico até a eclosão. As lagartas foram transferidas para uma dieta artificial em copos de plástico (500 ml) até o segundo ínstar e, em seguida, colocadas individualmente em bandejas de PVC de 16 células até o estágio de pupa. Estas pupas foram então sexadas e usadas para o posterior acasalamento de machos com 1, 3, 5 e 7 dias de idade com fêmeas virgens de 3 e 4 dias. Os machos resistentes e suscetíveis foram individualizados e acasalados com fêmeas virgens suscetíveis e resistentes, respectivamente. Os casais foram individualizados na quarta hora de escotofase. Após o acasalamento, as fêmeas foram individualizadas em potes de plástico para oviposição e os machos voltaram para seus potes para posterior acasalamento até completarem 7 dias de idade. O número de ovos postos e o número de lagartas emergidas foram contados. A fecundidade não foi afetada pelo genótipo, mas foi afetada pela idade do macho (P < 0,005). A fertilidade não foi afetada por nenhum dos dois parâmetros. Isso mostra possíveis custos da resistência no fitness reprodutivo do macho. |