Resumo |
O estado de Minas Gerais está na vanguarda da criação de caprinos leiteiros no Brasil, sendo responsável pela entrada de material genético de alta qualidade e propagador de tecnologias para o aprimoramento da produção leiteira. Com o aumento da capacidade produtiva destes animais, problemas como a mastite tornam-se rotineiros no rebanho. Sabe-se que esta enfermidade é responsável por grandes perdas econômicas, no que se refere a quantidade e a qualidade da produção de leite, aumentando o descarte de animais, podendo comprometer toda criação, além de ter papel significativo em saúde pública, uma vez que o leite e seus derivados são alimentos muito presentes na mesa dos brasileiros. Desta forma, conhecer as principais formas da doença e seus tratamentos é de fundamental importância. O objetivo do presente levantamento foi descrever os aspectos clínicos, laboratoriais e terapêuticos de cabras acometidas por mastite, atendidas no Hospital Veterinário da UFV (HOV/UFV). Foram atendidas cinco cabras, com idade entre um ano e sete meses a quatro anos, de aptidão leiteira, no setor de Clínica e Cirurgia de Ruminantes e Equínos do HOV-UFV, no período de 01/2015 a 06/2016. Três animais estavam na primeira semana pós-parto e dois no terço médio do período de lactação. Os animais apresentavam apatia (4/5), febre (3/5) e desidratação de 6-10% (5/5). Na avaliação do úbere, um animal apresentava aumento de volume, da temperatura local e da sensibilidade dolorosa, hiperemia, secreção láctea com grumos e coloração amarelada, característica de mastite clínica. Os demais pacientes apresentavam glândula mamária com áreas de coloração azul-arroxeadas de aspecto cianótico e frias, características de mastite gangrenosa, além de a secreção láctea apresentar aspecto serossanguinolento. Os principais achados do hemograma foram leucopenia com desvio à esquerda, basofilia citoplasmática em células da linhagem neutrofílica. O exame bioquímico revelou hirperfibrinogenemia e hipocalcemia. Dos quatro animais com mastite gangrenosa, um veio a óbito imediatamente após chegar ao HOV, enquanto aos demais foram tratados flunixin meglumine (2,2mg/kg), hidratação com Riger Lactato, dois receberam a associação ceftiofur (2,2 mg/kg) + gentamicina (6,6 mg/kg) e o outro enrofloxacina (2,5 mg/kg) . Adicionalmente, em dois animais foi realizado o tratamento cirúrgico. Por fim, dois animais foram encaminhados à eutanásia e apenas um se recuperou e teve alta clínica após sete dias. Para o animal com mastite clínica foi prescrito tratamento, na propriedade, com florfenicol sistêmico (20 mg/kg) e cefoperazona intramamário, flunixin meglumine (2,2 mg/kg) e hidratação com Ringer Lactato. Todos os animais que vieram a óbito estavam na primeira semana de lactação. Percebe-se, portanto, que a mastite é uma enfermidade de tratamento muito dispendioso e de insucesso recorrente, com severo comprometimento sistêmico, principalmente nos casos mais graves, como na mastite gangrenosa. |