Resumo |
De um modo geral, os sedimentos têm alta capacidade de reter espécies químicas. Menos de 1% das substâncias que atingem um sistema aquático são dissolvidas em água e o restante permanece retido no compartimento sedimentar. Portanto, a análise química de sedimentos proporciona uma eficiente ferramenta para o gerenciamento da qualidade hídrica. O objetivo do presente estudo foi avaliar a distribuição de arsênio e metais pesados nas várias frações geoquímicas de sedimentos do Ribeirão do Carmo, situados na região do Quadrilátero Ferrífero – MG. Foi feita uma amostragem em 4 localidades de coleta ao longo dos Ribeirão Carmo. As amostras de sedimentos foram coletadas diretamente nas margens dos rios, utilizando-se espátula de PVC, transferidas para sacos plásticos de polietileno, transportada em gelo e armazenada em freezer. Em seguida o material foi seco ao ar, homogeneizado e selecionada a fração < 1 mm. Foi utilizado o procedimento de extração sequencial em 0,8 g de amostras de sedimentos conforme procedimento proposto pelo método BCR, que consiste das seguintes etapas: (F1) Fração disponível: metais solúveis e associado a carbonatos, extraído com ácido acético 0,11 mol/L; (F2) Fração redutível: metais associado a óxidos de Fe e Mn, extraído por cloridrato de hidroxilamina 0,1 mol/L; (F3) Fração oxidável: metais associado à matéria orgânica e sulfetos, extraído com peróxido de hidrogênio 8,8 mol/L e acetato de amônio 1,0 mol/L; (F4) Fração residual: metais associado à fase mineral residual. Foram feitas a digestão pseudototal (água régia) da fração residual e do sedimento em forno de microondas (PT). As determinações de arsênio e metais foram feitas por espectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS). Os resultados da extração sequencial de arsênio e dos metais (Co, Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn) nas frações dos sedimentos e para as localidades de coleta 1 a 4, respectivamente, são: As F1 (0,00; 0,00; 2,47 e 0,00 µg/g), F2 (3,84; 3,34; 5,34 e 5,75 µg/g), F3 (5,84; 0,41; 82,78 e 56,69 µg/g), F4 (178,66; 131,03; 121,38 e 549,03 µg/g) e PT (187,40; 135,80; 801,85 e 616,90 µg/g) e para o Co (0,41; 0,38; 0,25 e 0,19 µg/g), F2 (5,72; 5,66; 4,75 e 8,00 µg/g), F3 (2,44; 1,19; 0,97 e 1,28 µg/g), F4 (9,75; 10,06; 13,31 e 12,59 µg/g) e PT (19,00; 18,35; 18,65 e 22,40 µg/g). Embora predominantemente associados à fração residual (não-biodisponível), os outros metais (Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn) também encontram-se distribuídos em praticamente todas as frações, sendo a fração associada a carbonatos e óxidos de Fe e Mn consideradas mais facilmente remobilizáveis para o meio aquático. A presença dos metais em frações consideradas biodisponíveis reflete a contribuição das atividades antrópicas desenvolvidas na região e aponta para um risco potencial de remobilização dos metais a partir dos sedimentos, contribuindo significativamente para a elevação de suas concentrações no meio aquático. |