Resumo |
A mastite designa os fenômenos inflamatórios infecciosos mais comuns da glândula mamária dos mamíferos, é uma doença multifatorial, sendo E. coli o mais representativo patógeno isolado de casos de mastite ambiental. Embora aparentemente Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis (MAP) não cause a mastite bovina, os achados de estudos subsequentes têm demonstrado a presença de MAP no interior de glândulas mamárias e no leite, sendo o leite a segunda amostra mais usada para o isolamento de MAP, um bacilo álcool-ácido resistente causador da paratuberculose em ruminantes. Essas observações inferem a possibilidade da glândula mamária ser um reservatório de MAP, contribuindo para o aumento da inflamação local do tecido. Tendo em vista a ausência de estudos que correlacionem MAP e a mastite bovina, há necessidade de estudar a influência de MAP no desenvolvimento da mastite causada por E. coli em células de cultivo. O objetivo foi verificar a influência de MAP no desenvolvimento da mastite bovina causada por Escherichia coli sob condições experimentais. As células da linhagem epitelial mamária bovina (MAC-T) foram cultivadas (meio DMEM) em placas de 24 poços até formarem uma monocamada de células confluentes e aderidas. Foi realizado o cultivo de E. coli em ágar Luria Bertani (LB) e de MAP K-10, em caldo Middlebrook 7H9 enriquecido. As células MAC-T foram desafiadas com E. coli (1x108UFC/mL), e em associação com MAP (1x106UFC/mL). As células foram desafiadas por 2h com MAP, após lavagem foram desafiadas com E. coli por 10 min, 30 mim e 2h. Para análise, as células MAC-T foram lisadas com Triton X 100 (0,1%) e após diluídas serialmente, foram plaqueadas em meio ágar LB, em triplicata e incubadas a 37ºC overnight. Os resultados das células MAC-T desafiadas por E. coli e MAP, revelaram concentrações de 4.7x105UFC/mL, 1.6x106UFC/mL, 9x106UFC/mL, nos tempos de 10 min, 30 min e 2h. Nas MAC-T desafiadas apenas por E. coli (controle) foi encontrado valores superiores ao verificado acima, 2.3x106UFC/mL, 9.7x106UFC/mL, 5.5x107UFC/mL, nos seus respectivos tempos. Assim, os resultados demonstraram que a infecção prévia de MAP nas células epiteliais mamárias interferiu na subsequente internalização de E. coli. Desse modo, pode-se inferir que MAP dificultou a entrada de E. coli em células epiteliais mamárias de bovino sob condições experimentais. |