Resumo |
O presente projeto tem como objetivo promover uma análise das crônicas da consagrada escritora naturalizada brasileira Clarice Lispector, publicadas no jornal Correio da Manhã, na coluna “Correio Feminino”, entre os anos de 1959 e 1961, em que abordava questões cotidianas, cenas domésticas e o universo feminino em tom descontraído, - algo como conversas e conselhos de amigas. Nessas publicações, ela dava conselhos as suas leitoras, dicas de comportamento para essa nova mulher de meados do século XX se posicionar no meio social e artimanhas de conquista aos homens. Por meio dessa abordagem, pretende-se compreender uma Clarice Lispector mais “histórica” e “temporal”, mais situada aos trâmites do seu tempo e dos seus entornos, com textos mais curtos, fluidos e despretensiosos, bem destoantes dos seus contos e novelas, de caráter bem intimista e analítico. Clarice Lispector, que sempre esteve atenta em suas obras com a condição humana, suas crises, devaneios e êxtases, mostrava-se através dos breves textos da coluna feminina acima referida, preocupada, em situar a mulher no meio social e ajudá-la a se encontrar nesse meio, entre os conflitos com o sujeito feminino, bem como suas relações com o outro, - a figura do homem. As crônicas, inseridas no contexto político nacional e das propostas e anseios de modernidade em curso a partir dos anos de 1950, sinalizavam uma mudança de percepção do tempo político e social. Assim, com as edições do Correio da Manhã digitalizadas e disponíveis na internet para pesquisa e por meio de uma bibliografia compatível, como os escritos de Noam Chomsky sobre mídia, cultura e política, e também um compilado de suas crônicas, organizadas em livro por uma professora da USP, pretendo mostrar as relações entre a mídia, a literatura e a política, em especial o que esses textos de Clarice Lispector, por muitos desconhecidos, tem a nos dizer sobre a especificidade histórica daquele tempo pretérito e das mudanças operadas na imprensa de fins dos anos de 1950 e início dos anos 1960. |