Resumo |
O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo. O aumento da produtividade tornou mais comum o problema das verminoses. O controle parasitário é feito principalmente com antihelmínticos, contudo, devido ao aparecimento da resistência a esses compostos, medidas alternativas são necessárias. Dentre os antagonistas de nematoides encontram-se organismos como fungos nematófagos, que demonstraram bom desempenho em pesquisas sobre controle biológico de helmintos. O projeto tem como objetivo avaliar a eficácia in vitro e in vivo dos fungos Duddingtonia flagrans (isolado AC001), Pochonia chlamydosporia (isolado VC1) e Arthrobotrys robusta (isolado I31) sobre larvas infectantes e ovos de nematoides gastrointestinais de bovinos. Os isolados provenientes da micoteca do Laboratório de Parasitologia da UFV foram repicados para placas de Petri contendo meio ágar-água 2%. Para induzir a formação de micélio, fragmentos de ágar contendo esporos dos fungos foram transferidos para frascos Erlenmeyer, contendo 150mL de meio líquido GPY e mantidos por 10 dias. A massa micelial de todos os isolados foi pesada para a confecção de péletes em matriz de alginato de sódio. Para avaliação da atividade predatória foram separados dois grupos, um grupo tratado composto por 15 placas de Petri contendo 20ml de ágar-água e os 3 isolados fúngicos, e um grupo controle, composto por 15 placas contendo o mesmo meio de cultura. No grupo tratado foram adicionados os três isolados fúngicos, e no grupo controle continham os mesmos fungos que posteriormente foram autoclavados à 120ºC por 15 minutos. Foram distribuídos 5 péletes por placa em ambos os grupos. As placas foram incubadas à 25ºC e o crescimento do fungo foi observado durante 5 dias. A porcentagem de péletes com cultivo positivo para o fungo foi de 100%, e o percentual de redução de larvas infectantes in vitro foi de 94%. No teste in vivo dois grupos de seis bezerros foram colocados em pastagem. Em um dos grupos, cada animal recebeu por via oral 2g de péletes em matriz de alginato de sódio contendo massa micelial dos isolados fúngicos 2 vezes por semana, durante 6 meses. No outro grupo, os bezerros receberam os mesmos 2g de péletes sem os fungos. Nesse teste, os animais do grupo tratado com o fungo mantiveram contagem de ovos por gramas de fezes menor em relação aos animais do grupo controle, com redução de 91,8%. A redução do número de larvas infectantes recuperadas das pastagens foi de 27,5 % na distância de 0-20cm e de 26,7% na distância de 20-40cm dos bolos fecais. Concluiu-se que a capacidade nematicida das espécies de fungos aqui utilizados em associação na concentração descrita em bovinos durante seis meses de tratamento, demonstrou eficácia no controle de infecções parasitárias ocasionadas por Haemonchus sp., Cooperia sp. e Oesophagostomum sp. |