Resumo |
Introdução: A diversidade e a universalidade do cuidado cultural de Madeleine Leininger destaca a existência de diferentes culturas sociais que influenciam o comportamento dos indivíduos, o que está diretamente ligado ao cuidado de enfermagem. Para cuidar de um indivíduo é necessário, além do conhecimento técnico-científico, atentar às suas crenças e valores. Ao se deparar com tais diversidades, os profissionais da saúde devem buscar esse conhecimento cultural para planejar sua assistência, moldando às necessidades do indivíduo, pois, à medida que o profissional se envolve no universo cultural de quem está cuidando, esse processo se torna mais eficaz. Objetivo: Relatar a experiência da aplicabilidade da Teoria Diversidade e Universalidade do cuidado cultural de Madeleine Leininger durante estágio supervisionado no exterior. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência do estágio supervisionado do curso de Enfermagem de uma universidade italiana, durante Programa Ciências sem Fronteiras-Itália. A atuação do estágio ocorreu no contexto hospitalar, nos meses de Maio a Julho de 2015. Resultados: Entre os pacientes assistidos, havia uma mulher com quadro clinico de linfoma em estágio avançado de metástase, de origem tunisiana, idioma árabe, de religião muçulmana. A comunicação entre a paciente e a equipe multiprofissional se dava através do marido que dominava o italiano. Após um mês de internação, a paciente parou de se alimentar. Ao detectar e analisar este problema, verificou-se que tratava do início do mês de Ramadã (período de 30 dias no qual os seguidores do islamismo jejuam do nascer ao pôr do sol). Com a ajuda do marido, os enfermeiros e médicos, instruíram a paciente quanto a importância da alimentação e ingestão de água. Utilizou-se as três ações do cuidado de enfermagem baseado culturalmente, desenvolvidas por Leininger, são elas: conservação/manutenção, ajustamento/negociação e repadronização/reestruturação do cuidado cultural, adaptando melhor o atendimento de enfermagem à cultura do paciente, diminuindo o estresse cultural e o conflito potencial entre a paciente e a equipe. Feito isso, realizou-se um cuidado cultural integral, prestando uma assistência mais próxima, respeitando a cultura e os valores da paciente, orientando o auto cuidado, aumentando a reidratação endovenosa uma vez que a ingesta de água também foi reduzida, oferecimento de um jantar mais rico em nutrientes. Conclusão: É necessário que o enfermeiro tenha um pensamento crítico e reflexivo, além de uma percepção apurada para realizações de adequações no processo de assistência de Enfermagem. Em uma sociedade que está cada vez mais consciente da subjetividade, das diferenças culturais do outro e a globalização se faz mais presente, é essencial que o cuidado cultural congruente faça parte das ferramentas dos profissionais de saúde, realizando assim de fato um cuidado holístico de qualidade e eficácia, não desrespeitando a essência do assistido. |