Resumo |
O déficit hídrico é o principal estresse abiótico responsável pelas perdas de produtividade na cultura da soja. Dada a importância econômica dessa planta na alimentação e economia mundial, cultivares de soja tolerantes à seca são alvo de grande interesse. Neste trabalho, objetivou-se comparar respostas de tolerância ao déficit hídrico em plantas de soja, por meio de parâmetros fisiológicos. Para tanto, foi utilizada uma variedade comercial de soja (Embrapa 48), reconhecida como tolerante à seca e uma linhagem de soja (11377), proveniente do Programa de Melhoramento da Qualidade da Soja (UFV), a qual demonstrou em experimento de campo, respostas indicativas de tolerância ao déficit hídrico no solo. Todas as plantas do experimento foram mantidas em condições de plena irrigação (controle) até atingirem o estádio de desenvolvimento V4, quando a irrigação de um grupo de plantas foi suspensa por 9 dias (tratamento déficit hídrico-DH), momento em que foram avaliadas e coletadas. Outro grupo de plantas foi reidratado durante cinco dias (tratamento reidratado-RH) e posteriormente, avaliado e coletado, a fim de verificar a capacidade de recuperação ao estresse. Avaliou-se o TRA (Teor Relativo de Água), a partir da pesagem da massa fresca, massa túrgida e massa seca de discos foliares. Para a determinação das trocas gasosas, utilizou-se um IRGA, registrando a taxa de assimilação líquida de CO2 (A), a taxa transpiratória (E), a condutância estomática (gs) e a razão entre a concentração interna e externa de CO2 (Ci/Ca). A fluorescência da clorofila a foi avaliada utilizando-se o fluorômetro acoplado ao IRGA. Amostras de folhas foram coletadas e congeladas em nitrogênio líquido, seguidas de armazenamento em freezer à -80°C até o momento da análise das enzimas antioxidativas. Quanto aos resultados das análises, observou-se que sob déficit hídrico, ambos os genótipos, apresentaram redução nos parâmetros de trocas gasosas, sendo que a linhagem apresentou uma maior redução de E e gs e a cultivar maior redução de A. Na análise da fluorescência, ambos os genótipos reduziram o rendimento quântico efetivo do PSII (ΔF/Fm’) e aumentaram o Quenching não fotoquímico (NPQ), sendo que a 11377 apresentou maior redução do ΔF/Fm’ e maior aumento do NPQ, em relação a E48. Analisando as enzimas antioxidativas (SOD, CAT, POX, APX), no tratamento DH, pode-se notar que a atividade enzimática aumentou, em ambos os genótipos. No caso da E48, as enzimas SOD, CAT e POX tiveram suas atividades duplicadas e a APX superior em 52%. Na 11377, a atividade da SOD aumentou em 32%, da CAT 63%, da POX 67% e da APX 221%. Os resultados obtidos reforçam a hipótese de que a linhagem 11377 apresenta mecanismos de tolerância à seca, devido seus resultados em muitos parâmetros terem mantido o mesmo comportamento da cultivar de soja tolerante, Embrapa 48. Assim, maiores estudos das relações hídricas nessa linhagem poderão validar essa hipótese e contribuir para a sua futura utilização. |