Resumo |
A má formação occipito-atlantoaxial é uma anormalidade congênita que pode ocorrer em qualquer espécie de equídeos, sendo mais comum na raça árabe. Os sinais clínicos são reconhecidos nas primeiras semanas de vida e incluem formato alterado do pescoço na região cranial, com proeminências para um ou ambos os lados, ainda podendo apresentar escoliose e subluxação atlantoaxial. Estes sinais são melhores observados numa visão dorso ventral do animal. Geralmente, há acometimento de tecidos moles, com formação de tecido fibroso em excesso dentro da articulação atlantoaxial e nos ligamentos adjacentes. Um som de “click” pode ser audível durante a movimentação dessa região do pescoço, resultado do deslizamento do dente do áxis abaixo do atlas. O cavalo acometido com essa má formação, apresenta limitações dos movimentos do pescoço e cabeça, assim como ataxia dos membros torácicos e pélvicos, dependendo da intensidade do comprometimento da anatomia do canal vertebral e consequentemente da medula espinhal. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal Viçosa, um potro de 1 ano de idade, da raça bretão, com 120 kg de peso corporal, e histórico de ataxia dos membros torácicos e pélvicos desde o seu nascimento e com agravamento progressivo dos sinais. Ao exame físico, foi observado escoliose da porção cranial da coluna vertebral cervical, dificuldade em movimentar o pescoço e flexionar a cabeça. O animal foi submetido à anestesia geral no bloco cirúrgico, para realização de exame radiográfico simples e mielografia (radiografia contrastada da medula espinhal) da coluna cervical. Para mielografia, foi realizado o acesso ao espaço sub-aracnóide pela região atlantoccipital dorsal, com cateter 14G. Após ser retirado 20 mL de líquor, quantidade igual de contraste (Iopamidol) foi infundido de forma lenta (cerca de 5 minutos). Projeções radiográficas latero-laterais e dorso-ventrais foram feitas abrangendo as regiões atlanto-occipital, atlanto-axial, e as articulações intervertebrais cervicais subsequentes. Os achados radiográficos caracterizam o quadro clínico como má formação occipto-atlantoaxial, onde conformação anormal do Atlas e do Áxis foi observado. Não ocorria o encaixe articular correto entre essas vértebras. Desvios latero-lateral e dorsoventral entre as duas primeiras vértebras cervicais e desvio dorso-ventral entre a terceira e quarta vértebras cervicais foram detectados. Não existe tratamento para a má formação occipto-atlantoaxial. Em alguns casos a subluxação atlantoaxial pode ser corrigido cirurgicamente. O prognóstico para a função atlética ou sobrevida do animal é determinada pelo grau de rigidez do pescoço provocado pelo acometimento das estruturas ósseas e pelas consequências na medula espinhal. |