Resumo |
Introdução: Cuidados paliativos (CP) são a assistência promovida por uma equipe multidisciplinar objetivando a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que ameace a vida, realizado por meio de ações que visem a prevenção e alívio do sofrimento, com controle dos sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. Estes cuidados tornam-se primordiais já que a prevalência do câncer apresenta elevada magnitude, além do fato da maior parte dos indivíduos serem diagnosticados em estadiamentos mais avançados. Objetivo: Discutir as concepções dos profissionais de enfermagem que atuam nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) sobre CP oncológicos. Metodologia: Pesquisa de natureza qualitativa, realizada nas 15 UAPS do município de Viçosa-MG, com a equipe de enfermagem. Os dados foram coletados no período de 2015 a 2016 por meio de uma entrevista semiestruturada. A análise dos dados foi realizada mediante a técnica de Análise de Conteúdo de Lawrence Bardin. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV, CAAE: 48394515.8.0000.5153. Resultados e Discussão: Foram entrevistados 28 profissionais de Enfermagem. Quando questionados sobre “O que você pensa sobre os cuidados paliativos?”, os resultados da pesquisa permitiram a elaboração das categorias: “Dificuldades de atuação profissional em CP: como abordar o tema?” e “Paradoxos conceituais em cuidados paliativos: A necessidade do cuidado x a visão de finitude”. Na primeira categoria percebeu-se que os entrevistados não compreendem o real significado dos CP, apresentando dificuldade em conceitua-lo, ou de entender seu real papel frente a estes cuidados, podendo ser relacionado, em parte, à falta de treinamentos acerca da temática, com deficiência desde sua formação. Dificuldades acerca da comunicação também foram descritas por não saberem como se comportar, agir, abordar e conversar com o enfermo e seus familiares. Somado a isso, a própria dificuldade emocional e psicológica ao lidar com a morte expressada nos termos “terminal”, “difícil” e “não sei o que fazer”. A segunda categoria revelou contradição sobre o cuidado, onde deve ser o mais humanizado e diferenciado possível, mas não sabem qual e quando faze-lo. Isto pode ser explicado pelo fato dos profissionais carregarem consigo um cuidado voltado ao modelo biomédico, quando dizem repetidamente “não tem mais o que fazer”, refletindo a crença de que nenhum procedimento poderá modificar o curso da doença. Conclusão: A ausência de treinamentos que abordem a temática dos CP durante a formação profissional e no trabalho gera desafios para a equipe de Enfermagem, dificultando a efetivação de uma rede de assistência em saúde resolutiva e integral. Sendo assim, é de extrema importância que os profissionais atuem no sentido de contribuir para que os pacientes oncológicos e seus familiares enfrentem um processo final de vida com mais dignidade e qualidade de vida. |