Resumo |
A regeneração tecidual guiada (RTG) tem como princípio a utilização de uma membrana de origem natural ou sintética para a implantação sob tecidos moles recobrindo um defeito ósseo ou periodontal. Essa membrana, além de ser reabsorvível, deve possuir a capacidade de estabilizar um coágulo sanguíneo na região do defeito, de forma a permitir a migração de células progenitoras, que são responsáveis pela a produção de um novo tecido ósseo, impedindo a reparação tecidual por tecido fibroso e permitindo a reparação sem qualquer reação adversa. Baseando-se na técnica de RTG, teve-se como objetivo analisar uma membrana de hidroxiapatita sintética (HAP-91®) e policaprolactona (PCL) de tecnologia nacional, visto que a maior parte desses produtos disponíveis atualmente no mercado foram desenvolvidos no exterior, deixando o Brasil dependente de tecnologia estrangeira. Para tal, definiu-se a importância de um material rígido e moldável, de forma a garantir a manutenção do espaço do coágulo, mas também se adaptar a diferentes morfologias do defeito. Além disso, a membrana deve possuir topografia complexa com macro, micro e nanoporos, a fim de propiciar a adesão plaquetária, adesão de fibrina do coágulo e adesão celular, favorecendo a regeneração tecidual. Analisou-se, então, a topografia de superfície dessa membrana através da microscopia eletrônica de varredura observando-se no aumento de 100x uma superfície lisa com macroporos de tamanho médio de 292 µm de diâmetro (± 160,6 µm) e no aumento de 2000x poros micrométricos com 16,7 µm de diâmetro (± 7,9 µm), bem como a presença de grânulos de hidroxiapatita expostos de tamanho nanométrico. Essas informações permitiram caracterizar a superfície da membrana como complexa, o que permite uma degradabilidade do biomaterial in vivo mais lenta, favorecendo a adesão do coágulo e a migração de células progenitoras. Além disso, foi analisado a biocompatibilidade e degradação desta membrana in vivo por implantação subcutânea em quatro pontos diferentes no dorso de coelhos da raça Nova Zelândia. Após 14, 40, 80 e 160 dias pós-implante, realizou-se a coleta do tecido em que foi implantada a membrana, incluindo pele, tecido subcutâneo, tecido muscular adjacente e o próprio biomaterial. As amostras foram encaminhadas para o processamento histológico e, nas análises, foi possível observar a formação progressiva da cápsula fibrosa, células de núcleo único fagocitando o biomaterial, penetração tecidual na membrana, formações de células gigantes e ausência de reação inflamatória intensa, sendo essas características favoráveis à biocompatibilidade. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a membrana possui uma superfície complexa, biocompatível e biodegradável. No entanto, não foi possível determinar o tempo total necessário para sua reabsorção visto que aos 160 dias ainda era possível visualizar o compósito nas amostras analisadas. Os autores agradecem a CAPES, CNPq e FAPEMIG pelo apoio financeiro. |