Resumo |
Introdução: transtornos alimentares (TA) são distúrbios psiquiátricos de etiologia multifatorial, caracterizados pela preocupação excessiva com o peso e forma corporal, que pode levar a alterações na percepção da imagem corporal, principal fator de risco para o desenvolvimento desse distúrbio. Objetivo: conhecer a prevalência de triagem positiva para TA e correlacionar a percepção da imagem corporal com o perfil antropométrico. Metodologia: realizou-se triagem de TA em adolescentes de 10 a 14 anos de idade em âmbito escolar utilizando-se os questionários Eating Attitudes Test (EAT-26), Children’s Eating Attitudes Test (ChEAT) e o Bulimic Investigatory Test Edimburg (BITE). Após triagem, foi selecionado o grupo de estudo, composto por adolescentes com triagem positiva para TA, e os grupos de comparação, um com adolescentes sem triagem positiva para TA e eutróficos segundo o Índice de Massa CorporalIdade (IMC/Idade), e o segundo com adolescentes sem triagem positiva para TA e com excesso de peso segundo IMC/Idade. Foi realizada avaliação antropométrica (peso, altura e cálculo do IMC) e de percepção da imagem corporal (Escala Brasileira de Silhueta) nos grupos de estudo e comparação. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa e todos os adolescentes e seus pais/responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: a triagem de TA foi realizada em 1.300 adolescentes e a prevalência de triagem positiva foi de 5,5% (n=71). O grupo de estudo foi constituído de 42 adolescentes, pois 29 deles não aceitaram participar das demais avaliações. Os grupos de comparação foram constituídos de 34 adolescentes no grupo eutrófico e 18 no grupo excesso de peso. O grupo de estudo se assemelhou ao de excesso de peso em relação às variáveis antropométricas, não havendo diferença estatística no peso, altura e IMC, com valores de 62,55 kg (p=0,441), 1,62 m (p=0,288) e 23,72 kg/m2 (p=0,07) no grupo de estudo comparado aos valores de 66,13 kg, 1,59 m e 25,86 kg/m2 do grupo excesso de peso. Em relação à percepção da imagem corporal, também não houve diferença entre os grupos de estudo e excesso de peso, sendo que o primeiro apresentou 95,2% de insatisfação e o segundo 94,4% (p=0,952). A insatisfação corporal esteve correlacionada com os valores de peso (r=-0,624; p<0,01) e IMC (r=-0,618; p<0,01), sendo que à medida que o adolescente se mostrava insatisfeito, querendo diminuir o tamanho corporal, os valores de peso e IMC aumentavam. Conclusão: o excesso de peso, que atinge um quarto da população adolescente, pode ser considerado fator de risco para alteração na percepção da imagem corporal, aumentando o nível de insatisfação corporal desses adolescentes, insatisfação essa, que é hoje um dos principais fatores desencadeantes dos TA. Apoio: FAPEMIG |