Fome e Abundância: Um Paradoxo Brasileiro?

17 a 22 de outubro de 2016

Trabalho 6114

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Biológicas e da Saúde
Área temática Zoologia
Setor Departamento de Biologia Animal
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Gabriel Savignon Lorenção
Orientador RENATO NEVES FEIO
Outros membros Clodoaldo Lopes de Assis, Jhonny Jose Magalhaes Guedes
Título Consequências do afugentamento de fauna para anfíbios e répteis
Resumo Nos empreendimentos em que exista supressão de ambientes naturais é exigido a realização do salvamento e resgate de fauna, definido pelo IBAMA através da Instrução Normativa nº 146 de janeiro 2007. No entanto, em diversos relatórios de licenciamento, além do resgate, é usado o termo “afugentamento”. Essa prática não está definida pela legislação, no entanto é aplicada, e informalmente consiste no afastamento da fauna antes e depois do processo de desmatamento de áreas. Porém, considerando as características comportamentais e exigências fisiológicas dos anfíbios e répteis, esta metodologia não pode ser aplicada para este grupo. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é mostrar a inadequabilidade do afugentamento de fauna aplicado ao grupo da herpetofauna, através de um trabalho de licenciamento ambiental. O afugentamento foi realizado na Fazenda Macaúbas, no município de Mata de São João, Bahia, durante o mês de outubro de 2014. Neste local, foi feito desmate de uma área de aproximadamente 40 ha com vegetação composta por Mata Atlântica em estagio inicial de regeneração, mesclada com Pinus sp. O desmate foi realizado com trator de esteira equipado com rolo faca, ao longo de cinco dias, onde duas pessoas faziam o afugentamento da fauna. A temperatura do ar foi tomada a cada hora na altura do solo, entre 08:30h e 12:30h, antes e logo após o desmate. Os animais mortos foram recolhidos e depositados no Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa, para posterior aproveitamento cientifico, conforme definido pelo Ministério do Meio Ambiente através da Instrução Normativa nº 03 de setembro de 2014. Antes do desmate as temperaturas variavam de 25ºC à 31ºC e após tal processo de 32ºC à 43ºC. Foram registradas 19 espécies, sendo 6 anfíbios, 9 lagartos, 3 serpentes e 1 anfisbena. No geral, quando as espécies não eram mortas por esmagamento, apresentavam dificuldades de deslocamento à medida que a temperatura aumentava. O grupo dos anfíbios foi o mais prejudicado, pois desidratavam rapidamente em ambientes abertos. Répteis de menor porte como Coleodactylus cf. meridionalis, e espécies arborícolas como as do gênero Polychrus apresentavam dificuldades de deslocamento no solo. Apenas as espécies de maior porte, como Salvator merianae e Ameiva ameiva, foram observadas se deslocando até as áreas adjacentes, entretanto alguns indivíduos juvenis dessas espécies ainda foram encontrados mortos no local. Aves como carcará (Caracara plancus) e urubu-caçador (Cathartes sp.) habituaram-se a seguir o trator, forrageando nas áreas desmatadas e predando os animais expostos. Além disto, a maioria possui hábitos noturnos com pouca movimentação durante o dia, quando normalmente é realizado o afugentamento. Isso demonstra que a prática atual de afugentamento é inadequada para herpetofauna, pois este grupo é composto por animais ectotérmicos, sendo sensíveis a mudanças drásticas de temperatura e tem sua movimentação reduzida em estações mais frias.
Palavras-chave Afugentamento, Herpetofauna, Desmatamento
Forma de apresentação..... Painel
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