Resumo |
A literatura contemporânea brasileira apresenta expoentes femininos em Minas Gerais, seja no campo da poesia ou da prosa. Um desses destaques é a poesia produzida por mulheres que, mesmo escrevendo na atualidade, ainda inscrevem sua trajetória estética no corpo da literatura brasileira. O trabalho apresentado, ainda em andamento, é financiado pela Fapemig e foi iniciado em março de 2016. Com esse estudo, buscamos identificar e analisar as estratégias estéticas presentes na poesia contemporânea de escritoras mineiras, mais especificamente nos livros de Ana Martins Marques. Pretende-se, além disso, verificar e analisar possíveis traços de escrita feminina na poesia da autora, bem como os pontos de contato entre ela e outras escritoras, suas estéticas e o “lugar” que sua poesia ocupa no “mapa” nacional da poesia urbana contemporânea. Para tanto, esse trabalho foi realizado a partir da pesquisa de duas obras dessa poeta: o livro de estreia, de 2009, intitulado A Vida Submarina e o seguinte, de 2011, Da Arte das Armadilhas. Primeiramente, realizamos a leitura das obras individualmente e visando aos aspectos referentes aos elementos estéticos de sua escrita. No momento seguinte, os textos foram comparados entre si, com o intuito de verificar quais deles são similares ou não às escolhas estéticas feitas pela autora nas obras estudadas. Observamos, até o momento, a presença do que podemos denominar como séries poético-literárias. Isso parece atuar nos livros de modo que os poemas ganhem um sentido mais amplo se lidos em blocos e não somente de maneira isolada. As séries apresentam temáticas diferentes e algumas delas permanecem na passagem do primeiro para o segundo livro, evidenciando certas opções estéticas da escritora. Aparecem com destaque, dentro delas, três séries: uma metalinguística, na qual os poemas e a própria linguagem tratam de si; a segunda, que trabalha a perspectiva da dualidade entre interior e exterior, tanto no que diz respeito às subjetividades da voz lírica quanto do espaço ficcional retratado nos textos; e a terceira, distribuída não uniformemente pelos livros, sobre a personagem Penélope, da Odisseia, de Homero. Além disso, não só as escolhas de temas, mas também as formas dos poemas deixam pistas sobre possíveis diálogos com outras obras contemporâneas. Esses são os resultados parciais, levantados a partir da primeira fase da pesquisa e com base nas análises realizadas até o momento. Esperamos, desse modo, continuar a contribuir para as pesquisas sobre a produção de poesia urbana contemporânea brasileira, especialmente, no que se refere àquela escrita por mulheres. |