Resumo |
Biossurfactantes são metabólitos secundários bacterianos com ampla aplicabilidade nas indústrias farmacêutica, alimentícia e de cosméticos, em processos de recuperação de petróleo e de biorremediação. Neste trabalho foi avaliada a produção de biossurfactantes por 31 isolados bacterianos obtidos a partir de amostras da água do mar, contaminadas com hidrocarbonetos aromáticos, coletadas na região costeira da Ilha da Trindade - Brasil. Para seleção dos isolados produtores de biossurfactantes, os microrganismos foram inoculados sob em 30 mL de caldo TSB e incubados a 30 ºC sob agitação de 200 RPM por 120 horas. A seleção dos isolados produtores de biossurfactantes foi feita pelo teste de espalhamento de óleo em placa. Para identificação do isolado selecionado como produtor de biossurfactante, a sequência parcial do gene 16S rRNA foi amplificada, utilizando-se os primers universais 005F e 531R, e sequenciada. As sequências obtidas foram comparadas com sequências depositadas no GenBank, utilizando-se a ferramenta BLASTn. Sequências de 16S rRNA de Staphylocoocus spp. e de uma linhagem de Rhodococcus (outgroup), obtidas no NCBI, foram utilizadas para reconstrução de uma árvore filogenética pelo método de Máxima Parcimônia. A otimização da produção de biossurfactante a partir do isolado selecionado foi avaliada em meio TSB e em Caldo Nutriente suplementado com 0,1 % (v/v) de azeite. O isolado selecionado foi inoculado em 500 mL dos meios de cultura e incubado a 30 ºC sob agitação de 200 RPM por 120 horas. Amostras foram coletadas a cada 24 horas para monitoramento da produção de biossurfactante e do crescimento microbiano. Entre os 31 isolados avaliados, apenas um isolado (denominado TRPF4) apresentou resultado positivo para o teste de espalhamento de óleo em placa. A sequência parcial do gene 16S rRNA desse isolado apresentou 99 % de identidade com a sequências do gene 16S rRNA de Staphylococcus warneri depositada no GenBank. A análise do perfil de produção demonstrou que a produção máxima do biossurfactante é atingida em 48 horas de cultivo, quando os valores de tensão superficial média foram iguais a 33,3363 ± 0,2939 (mN/m) e 28,0007 ± 0,3112 (mN/m) e dos espalhamentos médio de óleo foram iguais a 2,5000 ± 0,0 (cm) e 4,4000 ± 0,4 (cm) para cultivos em TSB e em Caldo Nutriente suplementado com azeite, respectivamente. Portanto, a adição de uma fonte hidrofóbica de carbono induz a produção de biossurfactante. O estudo do biossurfactante produzido por Staphylococcus warneri TRPF4 representa uma grande oportunidade para a descoberta de uma nova molécula, com novas aplicabilidades ambientais e industriais, uma vez que não há relatos na literatura de produção de biossurfactentes pela espécie Staphylococcus warneri. |