Resumo |
Introdução: Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimam-se no Brasil 600 mil novos casos de câncer para os anos de 2016 e 2017. Os cuidados paliativos (CP) oncológicos surgem num contexto em que grande parte dos pacientes são diagnosticados em estágio avançado, necessitando, assim, de uma assistência que prime pela melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, através da adoção de medidas que visem o alívio do sofrimento, da dor e dos sintomas. Metodologia: pesquisa qualitativa, realizada entre setembro de 2015 a março de 2016 nas 15 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Viçosa, MG, cujos participantes foram enfermeiros e técnicos de Enfermagem. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado, em que as perguntas foram gravadas e transcritas na íntegra. A análise dos dados foi realizada mediante a técnica de Análise de Conteúdo de Lawrence Bardin. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, CAAE: 48394515.8.0000.5153. Resultados: após análise dos depoimentos dos participantes foram elaboradas 2 categorias: “Binômio equipe de enfermagem x paciente em CP e sua família: comunicação (in)eficiente”; “Sentimentos vivenciados pela equipe de Enfermagem no cuidado aos pacientes fora de possibilidades de cura”. Na primeira categoria foi observada a dificuldade dos participantes de se comunicarem com o paciente e sua família. Esta deficiência de comunicação se estende à rede de atenção à saúde, evidenciando importantes falhas de comunicação referentes aos fluxos de referência e contra referência, conforme pode-se visualizar nos depoimentos que seguem: “Meu receio é de como abordar, como tratar, tenho um receio de como estar lidando assim com a situação [...]”; “Então, eu acho mais difícil é o esclarecimento que os hospitais, os médicos não dão pra gente[...]”. Na análise das falas dos entrevistados foram observadas grandes dificuldades e despreparo dos profissionais acerca da abordagem ao cliente em CP e à sua família. A segunda categoria revelou que dos 28 entrevistados 92,8% disseram que os sentimentos vivenciados ao cuidar de um paciente em CP são “impotência, tristeza, dó, acham complicado e difícil”. Apenas 2 profissionais relataram não se sentirem frustrados e demonstraram encarar essa situação de forma natural, como evidenciado: “Então eu agradeço a Deus quando eu tenho a oportunidade de cuidar de uma pessoa assim [...] é um aprendizado e também Deus está te dando a oportunidade de fazer uma coisa boa pra uma pessoa [...]”. Os resultados indicam que a assistência prestada pelos profissionais de Enfermagem ainda está centrada no modelo biomédico. Conclusão: a partir dos achados discutidos neste estudo percebe-se a necessidade de realização de capacitações aos profissionais de Enfermagem da APS em temas de Oncologia e CP, a fim de desmistificar a doença e tornar a prática profissional mais humanizada e holística. |