Resumo |
O Infectário do DFP/UFV tem sido fonte de novidades micológicas relevantes. Um exemplo recente é de uma mancha foliar observada em Dioscorea cayennensis (cará-da-costa). Em outubro de 2014, observou-se a presença de manchas foliares severas nestas plantas cultivadas no Infectário. Um hifomiceto estava regularmente associado com os sintomas da doença. Uma cultura pura foi obtida e depositada na coleção de cultura da UFV. Os postulados de Koch foram cumpridos demonstrando-se o status patogênico do fungo. O fungo apresentou a seguinte morfologia: conidióforos cilíndricos, geniculados, com proliferação simpodial, 92 a 255 µm de comprimento e 2,5 a 5 µm de diâmetro, 4 a 8 septos, cicatrizes de conídios espessadas e escuras, lisos, castanhos; conídios aciculares a filiformes, 47 a 135 µm de comprimento 2,5 a 3,5 µm de diâmetro, 5 a 15 septos, hilo espesso e escuro, hialinos, de parede fina e lisa. A morfologia do fungo em inhame é semelhante à descrita para Cercospora apii sensu lato. Extraiu-se DNA de uma cultura pura do fungo e realizou-se a PCR, obtendo-se, posteriormente as sequências para as regiões ITS e CAL, depositadas no GenBank (KT381465 e KX015957). Comparação com sequências disponíveis no GenBank resultaram em 100% de identidade para a região ITS, e 99% de identidade para a região de CAL com sequência de fungo do complexo C. apii (tratado provisoriamente como Cercospora sp. Q, no estudo sobre esse complexo). Cercospora sp. Q é um subgrupo ainda não resolvido dentro do complexo C. apii que inclui isolados obtidos a partir de vários hospedeiros, incluindo Dioscorea spp. (mas não D. cayennensis). Este está sendo publicado como o primeiro relato de C. apii causando manchas foliares em Dioscorea cayennensis no Brasil. É difícil antecipar se C. apii se tornará um patógeno importante para a cultura do cará-da-costa no futuro. Este relato, como outros que tem sido publicados, ou estão em preparação, são o resultado da observação constante dos pesquisadores do DFP/UFV da ocorrência de doenças das plantas que são cultivadas no Infectário e demonstram o seu valor como fonte de novidades fitopatológicas/micológicas, potencialmente relevantes para a ciência e para a agricultura. |