Resumo |
A avaliação do sucesso de um projeto de restauração florestal é essencial e deve ser realizada por meio de indicadores ecológicos. Através desses indicadores de avaliação, é possível definir se o projeto necessita sofrer novas interferências ou até mesmo ser redirecionado, visando acelerar o processo de sucessão e de recuperação das funções da floresta. Assim, este estudo, que resulta de um convênio entre a Votorantim Metais e o LARF-UFV, teve como objetivo aplicar o inventário florestal para avaliação do estado de restauração de uma floresta implantada através de reflorestamento heterogêneo há dez anos em área minerada no município de Descoberto, MG, e com base nos resultados a serem obtidos, definir estratégias para garantir a conservação da integridade dessa floresta em termos de biodiversidade e sustentabilidade. Através do censo de todos os indivíduos arbóreos com CAP (Circunferência a 1,30 m do solo) igual ou superior a 15 cm em 0,5 ha de floresta em restauração, foram analisados os parâmetros fitossociológicos tradicionais. Foram encontrados 631 indivíduos de 44 espécies, pertencendo a 18 famílias botânicas. As espécies com maior índice de valor de cobertura (IVC) foram Anadenanthera peregrina (22,31%), Inga edulis (10,72%), Schyzolobium parahyba (7,73%), Senna multijuga (6,61%) e Hymenaea courbaril (6.07%), que juntas correspondem a 53,44% do IVC, correspondendo também a 54,99% dos indivíduos amostrados. O Índice de diversidade Shannon e a equabilidade foram, respectivamente de 2,93 e 0,77. A divisão dos indivíduos mensurados em classes de diâmetro, mostrou que esta segue o padrão de “J invertido”. Quanto as classes sucessionais, 62% das espécies foram classificadas como secundárias inicias, 20% como pioneiras e 13% como secundárias tardias. A maioria das espécies (20) são zoocóroicas, seguidas das anemocóricas. Os resultados indicam que a floresta já apresenta, apenas 10 anos após a sua implantação em área que foi minerada, valores de riqueza e diversidade de espécies próximas aos encontrados em florestas nativas da região, com presença de espécies tardias na sucessão e com dispersão por animais, ou seja, a atividade de mineração de bauxita na região pode ser sustentável em termos ambientais, desde que sejam corretamente restauradas as áreas mineradas, como ocorreu neste estudo de caso. |