Resumo |
Introdução: O excesso de peso corporal é considerado um grave problema de saúde pública que tem crescido a proporções alarmantes em todo o mundo. Estudos recentes têm associado a obesidade a alterações prejudiciais na microbiota intestinal. Objetivo: Uma vez que os lipídeos dietéticos possuem alta capacidade de modular a microbiota, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da ingestão de dois óleos utilizados no tratamento da obesidade (o óleo de coco e o azeite de oliva) na antropometria, na composição corporal e na microbiota intestinal de mulheres com excesso de peso. Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico randomizado, duplo cego, com duração de 8 semanas consecutivas, que envolveu 85 mulheres adultas (19 a 41 anos), com excesso de peso corporal (Índice de Massa Corporal – IMC entre 27 e 34,9 kg/m²) e bom estado geral de saúde. Dessas, 56 iniciaram e concluíram o experimento. As voluntárias foram alocadas aleatoriamente em um dos seguintes grupos experimentais: controle (C, recebeu óleo de soja; n = 17), azeite de oliva (AO, n = 22) e óleo de coco (OC, n = 17). Durante a intervenção, as voluntárias consumiram diariamente cafés da manhã isocalóricos contendo 25 mL dos óleos testados de acordo com o grupo experimental, além de dietas individualizadas com restrição de 500 kcal/dia. Todas as avaliações foram feitas no primeiro e no último dia da intervenção. A composição corporal foi avaliada por absortometria de raio-X de dupla energia. O pH fecal foi usado para a avaliação indireta da composição da microbiota intestinal. Resultados: Houve maior redução da gordura corporal troncular em AO do que em C ou OC (PInter = 0,043). O OC, por sua vez, apresentou menores reduções de perímetro de quadril do que C (PInter = 0,045). Houve uma tendência (PInter = 0,104) de AO apresentar maior redução do peso corporal em relação aos C ou OC. O grupo AO também apresentou melhores resultados de pressão arterial diastólica (PInter = 0,010). Enquanto AO reduziu a pressão arterial diastólica (média ± EP de -4,6 ± 1,3 mmHg), o C não reduziu (0,0 ± 1,5 mmHg) e o OC aumentou (0,7 ± 1,0 mmHg). O grupo AO foi o único que aumentou o pH fecal das voluntárias enquanto os grupos C e OC apresentaram redução (PInter = 0,003). O aumento do pH fecal é associado à diminuição de bactérias obesogênicas, que produzem ácidos graxos de cadeia curta e por isso reduzem o pH fecal. Conclusões: O presente estudo evidenciou o potencial do azeite de oliva em contribuir para a perda de peso corporal saudável, por mecanismos que parecem envolver alterações na composição da microbiota intestinal. Apoio financeiro: FAPEMIG, Capes e CNPq. |