Resumo |
A contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana é mundialmente prevalente e tem se intensificado nas últimas décadas, principalmente na população acima dos 50 anos. Segundo Santos e Assis (2009), o aumento da incidência de AIDS na população idosa cresce como em nenhuma outra faixa etária, emergindo como um desafio para o Brasil, no sentido do estabelecimento de políticas públicas e estratégias, que garantam o alcance das medidas preventivas e a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Nesse contexto, o problema em questão está centrado não somente no aumento da incidência da AIDS na população idosa, mas principalmente em conhecer seu significado e as consequências que a AIDS acarreta sobre os domínios da vida dos idosos e funcionamento familiar. Assim, o trabalho teve como objetivo analisar o significado e as repercussões da AIDS na vida pessoal, familiar e social do idoso. A pesquisa de natureza qualitativa fez uso do estudo de caso, sendo do tipo exploratório-descritiva. As técnicas de coleta dos dados foram: pesquisa bibliográfica, censitária e documental, além de entrevistas semiestruturadas junto a 33 idosos, que realizaram tratamento no Serviço de Assistência Especializada (SAE), em Juiz de Fora/MG. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e pela análise de conteúdo das narrativas. Os resultados mostraram que os idosos têm conhecimento sobre a AIDS, mas que, acreditam faltar mais informações especialmente para a faixa etária, 60 ou mais. Em relação às representações sobre a AIDS, a maioria dos idosos associa a doença com aspectos relacionados ao medo e à falta de prevenção, entretanto associam também à cura e aos exames, o que demonstra a possibilidade de convivência com a doença, apesar de a mesma ser remetida a significados negativos e preconceituosos. Sobre as repercussões da AIDS nos domínios da vida dos idosos, para a maioria dos deles não ocorreram mudanças em seus domínios da vida. O apoio da família ao idoso com HIV é de extrema importância no processo de adaptação à sua nova condição; no entanto, a vergonha e o medo do julgamento são fatores que contribuem para que os idosos escondam a doença dos familiares; já para aqueles que contaram às famílias, a maior parte se sentiu acolhida, gerando benefícios ao funcionamento familiar. Conclui-se que as representações dos idosos sobre a AIDS estão entrelaçadas com a historicidade e com valores socioculturais, dentro de uma consciência de perdas, morte e ausência de prevenção. Nesse sentido, diante do aumento de casos de HIV na terceira idade, cabe aos familiares e profissionais de saúde levar aos idosos a informação de que estes também fazem parte do grupo de risco, buscando alternativas, de forma a superar as situações de estigma e discriminação. |