Resumo |
O Brasil possui importante papel na oferta mundial de produtos agropecuários. Espera-se que o país tenha condições de atender parcela expressiva da demanda de alimentos resultantes do aumento da população mundial nas próximas décadas. Entretanto, as atividades agrícolas são responsáveis por cerca de um terço das emissões brasileiras de gases de efeito estufa (GEE). Dessa forma, a ampliação da produção agropecuária brasileira pode comprometer a conservação do meio ambiente. É fundamental que o país continue intensificando a produção agrícola, mas em bases sustentáveis. A literatura especializada considera que a educação seria a melhor maneira de unir a necessidade de produção futura com a redução das emissões de GEE, pois auxilia no comportamento pró-ambiental dos agricultores. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar o papel desempenhado pela educação na disposição dos agricultores em adotar técnicas de produção ambientalmente sustentáveis. Para responder à questão da pesquisa foi realizado um estudo de caso junto aos agricultores cujas propriedades se localizam na bacia hidrográfica do Rio das Contas, Bahia. A metodologia teve duas etapas principais. A primeira foi a coleta de dados primários. Foram escolhidas 289 propriedades ao longo da bacia através de amostragem aleatória simples, com 95% de confiança estatística. O instrumento de coleta foi um questionário semiestruturado que continha questões socioeconômicas e de adoção de técnicas sustentáveis de produção. Para a segunda etapa foi utilizada o teste de Qui-quadrado (χ²) para a análise exploratória das respostas dos agricultores a respeito de sua disposição em adotar técnicas de mitigação de GEE. Dentre os 289 agricultores entrevistados, 74% afirmaram estar dispostos a alterar suas formas de manejo da terra de modo a minimizar as emissões de GEE. O teste de Qui-quadrado (χ² = 13,3, P-valor = 0,016) indicou que essa expressiva disposição de praticar comportamento pró-ambiental está diretamente relacionada com o nível de escolaridade. De fato, entre os agricultores que possuem ensino superior completo, 89% estão dispostos a mudar suas técnicas de produção; já entre aqueles que são analfabetos, esse número cai para 54%. Portanto, conclui-se que a educação torna os agricultores, mais dispostos a alterar seu comportamento, levando-os em direção a técnicas agrícolas sustentáveis. Esse resultado deveria incentivar iniciativas públicas de investimento em educação ambiental, principalmente aos produtores rurais com baixo acesso à educação formal, o que é a realidade na região estudada. Tais investimentos poderiam, portanto, fazer com que as atividades agrícolas continuem prosperando e, ao mesmo tempo, mantendo o meio ambiente em condições favoráveis ao seu ciclo natural. |