Resumo |
Devido à excreção de fármacos e seus subprodutos e uma inadequada eliminação através de resíduos sólidos e líquidos, diversos compostos estão cada vez mais presentes em corpos hídricos e até mesmo em água potável.Dentre estes fármacos destacam-se o Ibuprofeno (IBU) e Naproxeno (NAP), que são moléculas muito persistentes no meio ambiente e muito utilizadas como analgésicos, antiinflamatórios e antipiréticos. Analisando este quadro,os processos oxidativos avançados (POAs) utilizando eletrodo de diamante dopado com boro (BDD) são uma alternativa para a remoção de compostos orgânicos presentes em águas residuais, devido a formação de radicais hidroxilas que são altamente reativos e capazes de oxidar a matéria orgânica presente na amostra. O monitoramento da degradação de compostos por POAs é, na maioria das vezes, realizado por técnicas cromatográficas. Porém, devido ao alto custo desta técnica, o método empregando espectroscopia na região do ultravioleta (UV) com resolução multivariada de curvas com quadrados mínimos alternantes (MCR-ALS) é uma alternativa. Então, o objetivo deste trabalho foi demonstrar que é possível monitorar a degradação do IBU e NAP utilizando espectroscopia UV aliado ao MCR-ALS ou a cromatografia liquida de alta eficiência com detector de arranjos diodos (HPLC-DAD). Assim, duas soluções foram preparadas para serem degradadas, ambas contendo um volume de 350mL de amostra e a presença do eletrólito Na2SO4 5g/L. A solução 1 era composta por IBU 50mg/L e a solução 2 por uma mistura de IBU e NAP, ambos 50mg/L. A degradação dessas soluções foi realizada em uma célula eletroquímica constituída por eletrodo de BDD que funcionou como anodo e um disco de aço inoxidável como catodo.As degradações ocorreram com uma voltagem e corrente de 50V e 0,58A, respectivamente, e foram monitoradas utilizando espectroscopia UV a cada 1 minuto durante 6h.O método MCR-ALS foi aplicado nas duas soluções para resolver os espectros individuais e os perfis de concentração dos compostos IBU e NAP. A cada hora foram retiradas alíquotas de 15mL da solução 1 para a análise de carbono orgânico total (TOC) e da solução 2 para análise por HPLC-DAD. O resultado do TOC mostrou uma taxa de remoção de 77%. A análise cromatográfica mostrou que após 3h de degradação nenhum pico cromatográfico foi observado para NAP. O IBU atingiu a concentração de 9 mg/L no final da degradação. O método cromatográfico foi adequado para promover a separação e quantificação da mistura dos fármacos e foi capaz de prever a concentração desses compostos. O MCR-ALS resolveu com sucesso os espectros dos compostos IBU e NAP e os perfis de concentração obtidos mostrou ser adequado ao sistema, porém o monitoramento das misturas utilizando o MCR-ALS não apresentou uma boa resolução. O método proposto é uma alternativa às análises clássicas para monitorar este tipo de processo de degradação, principalmente devido à simplicidade, resultados rápidos e economia. |