Resumo |
Com a sua distintiva e confortável marcha lateral e diagonal, o cavalo Mangalarga Marchador é uma das raças mais importantes do Brasil. Os animais desta raça são usados para um teste funcional específico chamado “prova de marcha”, que é caracterizado por longa duração e elevada exigência metabólica. A prova de marcha é realizada em círculos, a uma velocidade constante, e sem interrupção. A atividade física, principalmente as de intensidade submáxima e de longa duração, como a prova de marcha, promove grande estresse para os mecanismos homeostáticos, que operam para manter os requerimentos metabólicos necessários para o trabalho muscular frente à progressiva perda de água e eletrólitos no suor. Tem sido demonstrado que o exercício físico induz respostas fisiológicas para satisfazer as crescentes necessidades metabólicas durante as atividades. O presente estudo objetivou avaliar os efeitos do treinamento de marcha para competição de provas de marcha sobre variáveis clínicas e laboratoriais em cavalos Mangalarga Marchador. O experimento foi conduzido no Haras Recreio, localizado em Viçosa, Minas Gerais. Foram utilizados oito equinos hígidos, da raça Mangalarga Marchador, de ambos os sexos, com idade entre cinco e 10 anos e em treinamento de marcha. Os animais foram montados pela manhã e treinados em pista de terra batida plana, onde realizaram 10 minutos de aquecimento ao passo e 45 minutos ininterruptos de marcha. Em seguida, já desarreados recebiam banho e permaneciam por 10 minutos ao sol para secar. Na sequência, os animais eram levados para suas baias individuais e recebiam alimentação habitual sem nenhuma alteração no manejo. As avaliações dos parâmetros clínicos e as coletas de amostras para exames laboratoriais foram realizados nos seguintes tempos: antes do início do exercício (T0) e até cinco minutos após o exercício (T1). Para avaliação clínica foram aferidas a frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR). Na avaliação laboratorial mensuraram-se as concentrações plasmáticas de sódio (Na), potássio (K), cloreto (Cl), cálcio ionizado (CaI), glicose e lactato, além do hematócrito (Ht). E as concentrações séricas de proteína sérica total (PST), creatino quinase (CK) e aspartato aminotransferase (AST). Os dados foram submetidos a estatística descritiva, aos testes de Lilliefors e Cochran & Bartlet e à análise de variância (ANOVA) à um nível de significância de 5%. Não houve diferença (P> 0,05) nos valores médios de Na, K, Cl, Glicose, Ht, PST e AST em resposta ao treinamento de marcha. Entretanto, a FC, FR, TR, lactato e CK tiveram aumentos (P< 0,05) em resposta ao exercício e o CaI apresentou diminuição (P< 0,05). Conclui-se que o treinamento de marcha é capaz de induzir respostas fisiológicas e metabólicas em equinos Mangalarga Marchador, contudo essas alterações são influenciadas pelo nível de intensidade do exercício e da capacidade atlética do animal. |