Resumo |
Caracterizou-se a lignina proveniente do licor negro Kraft, extraída pelo processo LignoBoost, para avaliar sua viabilidade de incorporação em adesivos para madeira. Utilizou-se lignina Kraft, em pó, proveniente de uma empresa produtora de polpa celulósica. Visando a homogeneização e solubilização das partículas, a lignina foi triturada e classificada em um pulverizador com peneira de 200 mesh. A caracterização físico-química foi realizada nos Laboratórios de Celulose e Papel e de Painéis e Energia da Madeira da UFV. Foram determinados o teor de umidade, pH, lignina Klason, lignina solúvel em ácido, análise de carboidratos, metais, sílica , análise elementar e cinzas. A umidade de equilíbrio higroscópico encontrada para a lignina Kraft utilizada neste experimento foi de ± 5 %, base seca; o pH médio estava em torno de 3,4, e Dias (2014) afirma que ligninas com pH ácido podem aumentar rapidamente a viscosidade do adesivo, influenciando assim o seu tempo de cura. Os carboidratos estavam presentes em quantidades ínfimas, dados considerados favoráveis para a síntese dos adesivos, pois indicam a pureza do material utilizado. Todos os teores de carboidratos encontrados na lignina Kraft utilizada neste estudo são inferiores àqueles encontrados por Gouvêa (2012), quando utilizou lignina Kraft para produção de briquetes, e ressaltou que a obtenção da lignina totalmente pura é extremamente difícil, devido aos complexos lignina-carboidratos. Observou-se maiores percentuais dos elementos Ca, K e Na em relação aos demais, e isso se deve aos resíduos do processo de recuperação do licor de cozimento que ficaram aderidos à lignina. Os valores obtidos para os minerais foram considerados baixos, logo não se espera influência dos mesmos na síntese dos adesivos. Quanto à composição química elementar, verificaram-se altos percentuais de carbono e baixos percentuais de oxigênio, valores já esperados pela pureza e pelo alto teor de lignina total da amostra (PEREIRA et al., 2013). Verificou-se, ainda, a presença de enxofre na amostra, referente aos sulfatos que se ligam à lignina, oriundos tanto do processo Kraft quanto do processo de extração da lignina. Destaca-se o baixo teor de cinzas na lignina Kraft utilizada, o que caracteriza os bons níveis de lavagem da polpa e recuperação dos licores de cozimento que deram origem à lignina Kraft utilizada neste estudo, além da eficiência do processo LigniBoost para extração da lignina. O baixo teor de cinzas é importante por garantir a pureza da matéria prima e, consequentemente, possibilitar maior controle dos resultados dos processos, uma vez que quanto mais pura a lignina, melhor sua interação com os componentes da formulação dos adesivos. Concluiu-se que a lignina Kraft avaliada apresentou baixos teores de umidade, carboidratos, cinzas e minerais, e alto percentual de lignina total, características interessantes quando se pensa na sua introdução na síntese de adesivos para madeira. |