Resumo |
No Brasil, apesar do avanço da internet, a televisão ainda é o meio de comunicação mais utilizado. Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, dos 18 mil entrevistados, 95% veem TV durante a semana, sendo que 73% assistem diariamente. Entendemos a televisão como um meio de comunicação de grande alcance, a partir da qual discursos são construídos e apropriados, instaurando uma potencial rede de sentidos a ser compartilhada pelos telespectadores. Todavia, apesar do grande alcance que a TV ainda possui, a grade da programação televisiva da Rede Globo, maior emissora do País, ainda se constitui, majoritariamente, de gêneros e formatos tradicionais, como os telejornais e as telenovelas, dificultando a proliferação de assuntos e abordagens diferenciados. O gênero debate, por exemplo, é pouco empregado pelas emissoras nacionais, exceto em programas com temática esportiva ou em situações eleitorais. No caso da TV Globo, durante os anos de 2012 a 2014, a emissora inseriu em sua grade semanal noturna o programa Na Moral, destinado a cumprir a função de discussão de temas contemporâneos por famosos, mas também por pessoas comuns e fontes profissionais. Com esse objeto de estudo, procuramos observar como acontece a argumentação no programa Na Moral, com vistas a analisar como os argumentos são desenvolvidos com o intuito de persuadir e/ou convencer o interlocutor no desenrolar da situação interativa. Partimos de uma caracterização da estrutura composicional do programa, procurando identificar os demais gêneros e formatos utilizados para além do debate. Em seguida, procuramos observar, por um viés discursivo, as temáticas discutidas, bem como as técnicas e procedimentos retórico-argumentativos utilizados pelos participantes, tais como a explicação, a dedução e a associação. Como resultados preliminares, identificamos a mistura dos gêneros debate, talk show e entrevista, bem como a prevalência de determinados domínios de avaliação e de imaginários sociodiscursivos sustentando os argumentos principais. Ainda, não é possível perceber uma diversidade de tipos de fontes e tampouco uma abordagem igualitária entre elas. Como principais referências teóricas, utilizamos os trabalhos de Aronchi e Chauraudeau. |