Resumo |
Em contraste com um período em que a matriz energética brasileira era fortemente dependente de combustíveis fósseis, o cenário atual tem projeções muito otimistas quanto ao aumento da produção e uso de biocombustíveis, em especial o biodiesel. Em 2014, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) registrou um aumento na produção nacional de biodiesel da ordem de 50 vezes entre os anos de 2005 e 2014, apontando também uma estimativa de crescimento na produção em resposta à lei de incentivo ao uso e produção de biodiesel. Entretanto, o aumento da produção também aumentou a quantidade da água residuária gerada na produção de biodiesel (ARB), que é basicamente composta por subprodutos do processo como o glicerol e outros resíduos líquidos da indústria de biodiesel. Devido ao seu alto potencial poluidor, algumas alternativas têm sido estudadas para o tratamento desse tipo de efluente, como o tratamento em reator anaeróbio operando em bateladas sequenciais (AnSBR), que é considerado eficiente, de baixo custo e fácil operação. Quanto a operação desse tipo de reator, diversos estudos apontam a capacidade de tamponamento do pH como sendo um dos fatores mais importantes na prevenção do azedamento de reatores. Portanto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade de tamponamento de reatores AnSBR no tratamento de ARB. O experimento foi realizado no Laboratório de Qualidade Ambiental do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. O reator anaeróbio possuía volume reacional de 5L e um impelidor central. Foram avaliados neste experimento 6 fatores sendo cada um testado em 2 níveis, alto (+) e baixo (-), utilizando como delineamento experimental uma matriz fatorial fracionada do tipo 2k-3 totalizando 8 experimentos, realizados em triplicata de forma randomizada. Os fatores testados e seus níveis foram: pH da ARB 6 (-) e 8 (+); temperatura do meio 30°C (-) e 50°C (+); concentração inicial de substrato em termos de DQO total 3000 mg L-1 (-) e 30000 mg L-1 (+); intensidade de agitação 40 rpm (+) e 0 rpm (-); tempo de reação 8h (-) e 24h (+); massa de inóculo 1261,5 mg de SVT e 50.458,9 mg de SVT, respectivamente. Para a avaliação da capacidade de tamponamento foram realizadas análises de pH, acidez e alcalinidades bicarbonato (BA), total (AT), intermediária (AI), parcial (AP) e ácidos voláteis (TVA-A) para o afluente e efluente dos 8 experimentos. A análise dos resultados obtidos foi feita no software SISVAR, utilizando análise de estatística descritiva. Os resultados obtidos nos 8 experimentos indicaram que as alcalinidades BA e TA são as mais influentes no processo aneróbio. Também foi observado que o consumo de BA, IA, PA, TA e produção de VTA está vinculado ao pH inicial, concluindo-se que a manutenção do tamponamento ao longo do processo de tratamento está vinculada ao pH inicial da ARB, sendo que o pH inicial da ARIB igual a 8 deve ser suficiente para manter o tamponamento do meio. |