Resumo |
A doença renal crônica é consequência do mal funcionamento dos rins e pode levar a distúrbios no metabolismo mineral e ósseo. Assim, em indivíduos em hemodiálise (HD), distúrbios como a hipercalemia, hiperfosfatemia e hiperparatireoidismo são comuns. Tendo em vista a necessidade de acompanhamento e conhecimento dos fatores associados ao controle metabólico nesses indivíduos, o presente estudo teve como objetivo verificar a possível associação entre os marcadores metabólicos e dados socioeconômicos e clínicos em indivíduos em HD. Trata-se de um estudo transversal, realizado em setembro de 2015 com 83 indivíduos em HD (66,3% do sexo masculino com média de idade de 61±15anos), atendidos em um centro de Nefrologia. Os dados das concentrações séricas de potássio, fósforo, hormônio da paratireoide (PTH), produto CaXP, escolaridade, renda, sexo, idade e tempo de HD foram coletados a partir dos prontuários médicos. Os dados foram processados e analisados em software SPSS versão 20.0. A associação entre as variáveis foi testada pelo teste qui-quadrado de Pearson, adotando-se o nível de significância α <5%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (CAAE: 27364314.8.0000.5153). Em relação aos marcadores metabólicos avaliados, 41% (n=34) dos indivíduos apresentavam hiperfosfatemia, 56,6% (n=47) hipercalemia, 59% (n=49) hiperparatireoidismo e 16,9% (n=14) apresentavam produto CaXP acima da recomendação. Quanto aos fatores socioeconômicos e clínicos, 68% (n=51) dos indivíduos estudaram até o ensino fundamental, 74,4% (n=61) tinham a renda de 1 a 2 salários mínimos e a mediana de tempo de HD foi de 51 meses (IQQ: 29-95). Verificou-se que a escolaridade apresentou associação inversa com o potássio sérico (p=0,019) e PTH (p=0,032). E o produto CaXP apresentou associação inversa com a idade (p=0,040). As demais variáveis socioeconômicas e clínicas não diferiram estatisticamente, assim como, entre o fósforo sérico e as demais variáveis. Em conclusão, verificou-se que, houve associação inversa entre a escolaridade, hipercalemia e hiperparatireoidismo, sugerindo que os indivíduos com menor escolaridade apresentavam maior ocorrência de hipercalemia e hiperparatireoidismo. Ainda, os idosos apresentaram um melhor controle do produto CaXP quando comparados com os adultos, possivelmente relacionado a maior adesão à dieta pelos idosos. Geralmente os indivíduos mais jovens referem maior dificuldade em cumprir as restrições dietéticas, talvez porque, de uma forma geral, mantenham uma vida social mais ativa. |