Resumo |
Por mais que grande parte dos/as educadores/as tente negar as dimensões da sexualidade no ambiente escolar, os/as educandos/as protagonizam-na em conversas na sala de aula, nos namoros pelos corredores, nos bilhetes, nas pichações, nas escritas nos banheiros, etc. Isso porque a sexualidade faz parte da composição do nosso corpo e, mesmo quando não se fala sobre estas questões, os/as educadores/as acabam transmitindo valores que são os seus, a respeito da sexualidade. Na tentativa de quebrar tabus e desenvolver uma sexualidade saudável e sem preconceitos é que desenvolvemos na Escola Estadual Santa Rita de Cássia, o projeto de pesquisa: “Gênero e sexualidade nas redes vivenciadas pelos/as professores/as no cotidiano das escolas”. Financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) tem como objetivo acompanhar os fluxos da escola, em suas redes de intensidades, e os processos de subjetivação e (des)subjetivação, implícitos nas produções dos/as professores no que se refere a temática gênero e sexualidade. Tendo como base a pesquisa cartográfica no/dos/com os cotidianos, propomos, em suas refrações, ir desenhando, propondo outras relações na escola, oportunizando outras formas de ver, pensar e compreender a temática (DELEUZE, 1998; ROLNIK, 2011; LOURO,2003, 2010). A preocupação muda então “do como”, para “os efeitos” das práticas do corpo docente observada no ambiente escolar referentes às questões de gênero e sexualidade. Mais do que buscar marcas e regras gerais para explicar como essas temáticas são tratadas nas escolas, o interesse é o de analisar como as experiências vivenciadas nas escolas são tecidas e reinventadas pelos/com professores, dando novos significados para sua formação. Buscam-se, então, outras marcas da vida cotidiana, dos acasos, dos imprevistos, das inesperadas situações que constitui a vida da escola, em seus processos de interação, criação e recriações cotidianas. Em diagnóstico inicial nota-se uma concepção binária por parte dos/as professores/as sobre a sexualidade, onde os gays gostariam de ser mulheres e as lésbicas queriam ser homens, chegando a relatar casos que conhecem, de meninas que não puderam fazer a cirurgia de mudança de sexo por não ter dinheiro para tal. Portanto, parecem desconhecer a multiplicidade existente neste aspecto. Percebe-se, porém, que os/as professores/as em sua maioria sabem da importância de trabalharem as questões relacionadas a gênero e sexualidade no ambiente escolar, não obstante, muitos/as não os fazem por não sentirem-se preparados para tal, o que é justificado muitas vezes como uma deficiência na formação inicial e continuada desses/as professores/as. Eles/as estão abertos/as e discutir a temática, pois quando estes aspectos são tratados, na maioria das vezes estão cinscunscritos a área da biologia, considerando apenas aspectos médicos e biológicos, desconsiderando os aspectos culturais e sociais que interferem nos discursos acerca da sexualidade. |