Resumo |
O trabalho objetiva analisar as percepções de crianças e adolescentes sobre o processo de envelhecimento, uma vez que estas podem variar conforme as idades e as influências recebidas. A motivação para o estudo surgiu da observação cotidiana do preconceito que subjaz aos discursos sobre os idosos, principalmente no que se refere a piadas e publicações midiáticas. Os participantes da pesquisa foram estudantes do 5º ao 9º ano do ensino fundamental de duas escolas de Viçosa-MG, uma pública e outra particular, sendo 180 estudantes da primeira e 55 da segunda. Em termos metodológicos, utilizou-se de grupos focais e, para fomentar o diálogo com os estudantes, foram apresentadas imagens sobre idosos em situações diversas. Os resultados dos dois contextos foram, em sua maioria, semelhantes. Os dados revelaram muitas percepções negativas sobre a velhice como uma etapa de vida marcada por limitações, dependência, ociosidade, inutilidade e incapacidade, além de uma corporalidade decadente. As representações positivas, em menor proporção, estavam ligadas a experiência de vida, sabedoria e capacidade para dar bons conselhos. A longevidade como privilégio e a possibilidade de o idoso manter uma vida ativa e estabelecer relações intergeracionais também foram destacadas. Os estudantes manifestaram uma não apreciação pela estética dos velhos, embora tenham se mostrado desfavoráveis às intervenções cirúrgicas. Em termos gerais, verifica-se que a velhice é bastante estigmatizada pelos estudantes deste estudo, e isso talvez se deva a conhecimentos advindos do senso comum, bem como à falta de informação sobre o assunto. As escolas em estudo, durante o período da coleta de dados, não desenvolviam qualquer trabalho que pudesse mudar essa realidade. Considerando o aumento do número de idosos na população brasileira, almeja-se com esta pesquisa contribuir para a construção de reflexões e ações que valorizem os idosos e motivem as relações intergeracionais nas famílias, escolas e demais instâncias da sociedade. |