Resumo |
É de amplo conhecimento que o processo de ensino e aprendizagem da língua escrita deve ser iniciado e desenvolvido desde as primeiras etapas da vida escolar. Com relação aos alunos surdos, a situação é bastante delicada, pois esse ensino deve ser baseado em metodologias de ensino de segunda língua (L2) e desenvolvido a partir das suas experiências com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Com o objetivo de analisar o processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa escrita vivenciado por um aluno surdo do 1º ano do Ensino Médio em uma classe inclusiva de uma escola do município de Viçosa-MG, a pesquisa caracteriza-se como analítica descritiva de abordagem qualitativa. Constituem-se sujeitos da pesquisa um aluno surdo com idade de 16 anos, matriculado no 1º ano do Ensino Médio da referida escola, a professora de português regente e a tradutora/ intérprete Libras/Língua Portuguesa. Para compor o corpo metodológico escolheu-se a investigação bibliográfica, promovendo o embasamento teórico do trabalho com informações em pesquisas científicas e publicações relacionadas ao tema estudado. No que se refere às técnicas de coleta de dados, utilizamos o diário de campo, a observação participante, e a análise documental. Os dados coletados foram organizados em categorias teóricas e empíricas, e analisados com base nos achados da literatura científica da área, buscando por semelhanças e diferenças e suas correlações. Vale mencionar que a referida pesquisa ainda está em andamento. Após as análises iniciais, observamos que não há, pela professora regente, uma compreensão da Libras como a língua natural do estudante surdo, tampouco o uso de metodologias de ensino da Língua Portuguesa que atendem às especificidades desse estudante. Ainda, constatamos que na maioria das aulas observadas, a tradutora/intérprete desempenhou funções não compatíveis com as suas atribuições profissionais, como, por exemplo, promover explicações sobre conteúdos divergentes da fala da professora regente. Diante do mencionado, podemos concluir que nessa escola, a Libras ainda não tem papel de destaque nas práticas de ensino voltadas ao estudante surdo e a Língua Portuguesa não está inserida em um currículo bilíngue como L2. Tais resultados demonstram a necessidade de ampliar as discussões sobre o ensino da Língua Portuguesa para os surdos como uma prática social, a partir das suas singularidades linguísticas e culturais. Sabemos que no Brasil a temática é incipiente e, por isso, esperamos que nossa pesquisa possa contribuir para expandir e fortalecer os estudos que se interessam pelo ensino de Língua Portuguesa para surdos e, especificamente, sobre a formação de professores diante das questões que afetam esse ensino. |