Resumo |
A dislipidemia é um distúrbio no metabolismo lipídico, que resulta na elevação da concentração sérica do colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL) e triglicerídeos, assim como níveis reduzidos da lipoproteína de alta densidade (HDL). As alterações no perfil lipídico constituem um fator de risco para o desenvolvimento da aterosclerose que pode iniciar-se ainda na infância e potencializar no decorrer da vida por uma série de fatores associados, como a obesidade, história familiar, estilo de vida e hábitos alimentares inadequados. Crianças tem demonstrado uma ingestão inadequada de alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais e consumo elevado de alimentos com baixo teor nutritivo, com altos teores de sódio, açúcar e gordura, como doces, refrigerantes e frituras. Estes alimentos tendem a aumentar o colesterol total e a LDL e a diminuir os níveis de HDL, além de aumentar o risco para o desenvolvimento da obesidade. Diante disso, o objetivo do estudo foi avaliar a associação entre o consumo alimentar e o perfil lipídico de crianças de 4 a 7 anos de idade. Trata-se de um Estudo transversal, realizado com 402 crianças de 4 a 7 anos de idade do município de Viçosa, Minas Gerais, acompanhadas por um Programa de Apoio a Lactação (PROLAC) nos primeiros seis meses de vida. Para avaliação do consumo alimentar foram aplicados três registros alimentares, sendo as médias analisadas em relação ao consumo de macronutrientes e fibras e um questionário de frequência alimentar, para avaliar o consumo de alguns alimentos. Foram dosados colesterol total, triglicerídeos e lipoproteínas de alta (HDL) e baixa densidades (LDL) no período da manhã, após jejum de 12 horas. Nas análises, utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson, adotando-se como nível de α = 5% e realizado a distribuição de frequências. Encontrou-se valor limítrofe/aumentado da LDL em 46,8%, colesterol total em 37,6%, triglicerídeos em 10,4% e HDL abaixo do desejável em 33,8% das crianças. O consumo de macronutrientes foi adequado de acordo com a faixa de recomendação da Acceptable Macronutrient Distribution Range, para a maioria das crianças, enquanto o consumo de fibras foi inadequado em 97,2%, segundo a Adequate Intakes. Não houve associação significante entre o consumo alimentar e o perfil lipídico das crianças. Pode-se concluir que não houve relação entre o perfil lipídico e o consumo alimentar de macronutrientes, assim como o consumo de determinados alimentos, sugerindo a necessidade de outros estudos que investiguem melhor essa associação. |