Resumo |
A inclusão dos alunos surdos tem sido alvo de preocupações no cenário educacional brasileiro. Isso porque, a maioria das escolas regulares não está preparada para lidar com alunos que se comunicam por meio da língua de sinais. Uma vez que não compartilham da mesma língua que a comunidade escolar, os surdos ficam privados de interações comunicativas, situação que lhes confere desigualdades linguística, social e educacional. Essa problemática foi observada nas escolas inclusivas do município de Viçosa, que contam com alunos surdos. Desse modo, o objetivo deste projeto foi desenvolver ações que promovam o ensino e aprendizagem da LIBRAS para a comunidade escolar, além de um trabalho voltado à formação de professores para a atuação com alunos surdos. As atividades inicialmente desenvolvidas priorizaram a formação da equipe do projeto, e se materializaram em reuniões semanais para estudo e orientação. Por meio dessas reuniões, foram realizadas revisões teóricas sobre questões que enfatizam o ensino e aprendizagem da LIBRAS e sua implicação na educação dos surdos. A partir desses estudos teóricos, foi iniciado o processo de construção das oficinas. Nessa etapa, foram confeccionados, elaborados e ressignificados recursos didáticos-pedagógicos que priorizaram os aspectos visuais, contribuíndo para uma aprendizagem significativa da LIBRAS. Foram produzidos e selecionados jogos, vídeos, histórias, cartazes, painéis e outros materiais que, atendendo aos objetivos do trabalho, pudessem ser usados no decorrer das oficinas. Após o planejamento e a preparação, as oficinas de LIBRAS foram desenvolvidas junto aos professores da educação básica. Em cada oficina foi proposta uma temática geradora como, por exemplo, alfabeto manual da LIBRAS; saudações; animais; alimentos; calendários; entre outras. Essa organização, pautada em campo semântico, foi necessária para facilitar a contextualização da língua na fase de aprendizagem inicial, já que a maioria dos participantes não tinha experiência na aprendizagem de uma língua de modalidade visuoespacial. Ressaltamos que apesar de haver uma delimitação temática inicial, ao longo das oficinas foram oportunizadas atividades práticas que permitiram a expansão e o uso do vocabulário, o que proporcionou o engajamento dos aprendizes em situações comunicativas. Julgamos que essa metodologia possibilitou o desenvolvimento de habilidades linguísticas, e alicerçou as relações de uso da LIBRAS entre os aprendizes. Embora o projeto esteja em andamento, alguns resultados já foram alcançados, como a desconstrução de mitos e crenças em relação à LIBRAS, o seu reconhecimento como uma língua natural e a sua valorização na comunicação com os estudantes surdos. Visualiza-se que ao final do projeto, os aprendizes desenvolvam uma comunicação básica em LIBRAS e estejam preparados para o convívio com as diferenças. |