Resumo |
O uso indiscriminado de agentes antimicrobianos, como os antibióticos, tem selecionado bactérias resistentes a diferentes drogas. Esta resistência leva a prejuízos econômicos na pecuária leiteira como, gastos com tratamento, aumento do intervalo entre partos, diminuição do valor genético do rebanho e descarte de animais. Neste contexto, Escherichia coli, uma bactéria Gram-negativa, oportunista, com diversos fatores de virulência, encontra-se associada a diversas enfermidades em vacas leiteiras, destacando-se neste trabalho a mastite ambiental. Desta forma, a fagoterapia surge como uma alternativa natural, não tóxica e economicamente viável no combate a diversos procariotos patogênicos. Os objetivos deste trabalho foram isolar e avaliar cepas selvagens de Escherichia coli quanto a sua capacidade de aderência ao tecido mamário de camundongos e avaliar a atividade lítica de dois bacteriófagos previamente isolados e caracterizados específicos para esta bactéria. Foi possível obter um isolado selvagem de Escherichia coli no município de São Miguel do Anta que foi utilizado nos ensaios posteriores. Os dois bacteriófagos utilizados foram denominados UFVEcophage002 (002), e UFVEcophage007 (007). Para avaliação do potencial de aderência ao tecido mamário foram utilizadas duas mães recém paridas de camundongos da linhagem Swiss representando cada uma, um grupo experimental. Cada animal era anestesiado e após feita a assepsia da região ventral com álcool 70% era excisada a extremidade dos dois tetos caudais para inoculação de material. No animal controle foram inoculadas cem células bacterianas em cada teto, enquanto no animal tratado, além da mesma quantidade de células bacterianas foram inoculados também os dois bacteriófagos, ambos em um MOI de 10. Após 48 horas os animais foram eutanasiados e o par de glândulas mamárias caudais era então removido e pesado. As glândulas foram então maceradas e homogeneizadas sendo transferido uma alíquota 200 µL de cada tubo para diluição 1:10 em placas de 90 poços de fundo chato. Foi então pipetado 10 µL de cada diluição e transferido cuidadosamente para placas de Petri contendo LB sólido. O controle positivo teve resultado esperado devido ao número estimado de cem células inoculadas e a multiplicação e permanência das mesmas por 48 horas na glândula. Este resultado corrobora com a sugestiva presença de fatores de virulência na E. coli selvagem isolada neste trabalho, fatores estes que se perdem em cepas que sofrem sucessivas passagens em laboratório. No experimento com camundongos foi possível observar que os coquetéis com os fagos 002 e 007 se mostraram promissores do ponto de vista de sua atividade lítica in vivo. Este trabalho abre perspectiva para o sequenciamento dos genomas destes bacteriófagos e sua utilização em ensaios farmacocinéticos e farmacodinâmicos com o objetivo de se estabelecer um protocolo de profilaxia e/ou tratamento de enfermidades com tamanho impacto econômico como é o caso da mastite. |